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Quando conheci o R., foi como
se já o conhecesse antes. Na verdade, até ao dia em que nos conhecemos,
tínhamos andado a trocar mensagens durante os últimos três meses. Eram
mensagens constantes, todos os dias durante aqueles três meses. Ele tornou-se
numa companhia durante esse período, mas, mais do que isso, numa pessoa que se
tornava a cada dia mais interessante e que me deixava com mais vontade de
conhecer.
No nosso primeiro encontro,
não tive essa sensação de achar que já o conhecia apenas devido à troca de
mensagens, mas também por me sentir tão à vontade para um primeiro encontro.
Talvez ele não achasse que eu estivesse assim tão à vontade, até porque, agora,
as coisas são muito diferentes; sinto-me bem mais à vontade e sinto-me eu própria.
Mas, naquele primeiro encontro, comparativamente àquilo que costumo ser quando
estou com uma pessoa pela primeira vez ou com uma pessoa com quem não tenha
grande confiança, sim, estive perfeitamente à vontade. Falei com ele
naturalmente. Disse algumas piadinhas parvas. Ri-me e diverti-me. Senti-me à
vontade ao ponto de lhe pedir que me tirasse fotografias, uma vez que estávamos
num sítio bonito, com paisagens e vistas bonitas. E ainda ao ponto de lhe dar a
mão sem hesitar porque eu estava com medo de escorregar e cair num troço do
caminho que estava húmido e com lama. Ele contou-me uma história tão longa e eu
lembro-me de olhar para ele enquanto falava e de pensar em como ele tinha umas
pestanas tão compridas. Abraçou-me no início e no fim do encontro e eu achei-o
algo desajeitado com abraços. Fui para casa satisfeita, com aquela boa sensação
de ter tido um dia bem passado. E quis vê-lo mais vezes. Por muito que tenha
querido aquele encontro, também me sentira receosa com o mesmo, com medo de me
desapontar e de ele não ser como era nas mensagens. Mas não me desiludi. Ele
era a mesma pessoa que era nas mensagens.
Lembro-me, depois disso, de
como quis deitar a cabeça no seu ombro enquanto conversávamos numa tarde em
cima do mar. De como pensei com ternura Ele
está a fazer-me festinhas no cabelo quando ele estava a fazer precisamente isso,
um pouco antes do nosso primeiro beijo. De como, um pouco depois do nosso
primeiro beijo, houve um momento em que ele me olhou com tanto carinho que
aquela fracção de segundo pareceu uma paragem no tempo, um instante suspenso. E
de como, depois de eu me ir embora a seguir, passei a viagem de carro a sorrir.
Lembro-me de momentos em que fomos só nós no meio da natureza, abraçados e em
silêncio, só com o som dos pássaros à nossa volta.
Com o passar do tempo, quanto
mais falávamos um com o outro e à medida que fomos saindo mais vezes juntos,
apercebi-me do quanto queria mantê-lo na minha vida, do quanto era especial e
importante para mim e do quanto gostava dele. Com o passar do tempo, percebi
que, afinal, ele não era desajeitado com abraços; hoje, os seus abraços são o
melhor e o mais confortável, quente e seguro lugar do mundo, onde eu gostava de
ficar para sempre. Com o passar do tempo, dar-lhe a mão deixou de ser uma mera
tentativa de me manter segura para não cair, mas antes uma segurança a um outro
nível e um gesto natural que me aquece o coração. Com o passar do tempo,
continuei a reparar no quanto as suas pestanas são compridas, especialmente
quando olha para mim com uma ternura que me derrete completamente. Ou quando eu
olho para ele e ele está desprevenido, e eu derreto-me completamente na mesma
por ele ser tão incrível e a melhor pessoa que eu tenho na vida. Nada ocorreu
abruptamente; foi mesmo como entrar numa casa e perceber, a cada pequeno passo,
que aquela casa era especial. Perceber, com o passar do tempo, quanto mais
tempo passava naquela casa e quanto mais descobria sobre ela, que encontrara um
lar.
Ainda me pergunto como foi que
nos encontrámos e que aparecemos na vida um do outro. Nem ele sabe. Foi mesmo
por mero acaso, algo para o qual não encontro explicação.
Com ele tenho o que nunca tive
antes e sou o que nunca fui antes. Há mensagens de bom dia, de boa noite e mais
não sei quantas pelo meio. Há trocas constantes de palavras carinhosas, de
elogios fofinhos e sinceros. Há miminhos em forma de presentes sem haver um
motivo especial. Sou uma pessoa tão lamechas – no bom sentido – e romântica,
que nem me reconheço – mais uma vez, no bom sentido. Com ele posso brincar à vontade e
falar sobre qualquer assunto. Ele diz que me ama sem rodeios e assim, do nada,
diversas vezes num dia. Todas as vezes em que estou com ele, em que estou
simplesmente a olhá-lo nos olhos ou a ouvi-lo falar, apaixono-me mais,
apercebo-me da sorte que tenho em ter aquela pessoa tão incrível na minha vida
e agradeço em silêncio por isso. Lembro-me dele quando vejo uma cena romântica
num filme ou série e quando tocam músicas românticas na rádio – mesmo que sejam
foleiras, as letras fazem sentido por causa dele. Com ele há tantos planos por
concretizar e um anseio por uma vida lado a lado em que todos esses planos e
desejos se concretizem, pois só assim, lado a lado, é que tudo faz sentido. Com
ele sou feliz. Com ele, sinto-me em casa. É o meu lar.