28/12/19

2019

A minha agenda de 2019 foi da Mr. Wonderful. Para além de ser a coisa mais gira e fofa de sempre, é mais do que uma simples agenda, no sentido em que contém alguns “exercícios” para se fazer a cada mês, para nos pôr a pensar um bocadinho. Coisas como uma lista de objectivos para cada mês, coisas que gostávamos de aprender, os livros que gostávamos de ler ou os filmes que queremos ver, enfim. Algo que eu nunca tinha feito, nem numa agenda, nem noutro lado qualquer – nem sequer pensava nisso. E eu, apesar de ter deixado as listas de alguns meses em branco, gostava de pensar no assunto e de ter a agenda bem preenchida, especialmente porque me dava uma sensação de propósito para cada novo mês.

Dezembro é o mês da reflexão e da retrospectiva. Por isso, é claro que o exercício para este mês é recordar o que de melhor aconteceu em cada mês do ano. E eu, por mais que tivesse pensado, só consegui escrever uma coisa nos primeiros três meses. Em Janeiro, o concerto do Steven Wilson. Em Fevereiro, o facto de ter conhecido o R.. E, em Março, o ter começado a namorar com ele. É óbvio que, nos meses seguintes, não faltaram bons momentos entre nós, e é totalmente óbvio que o R. foi o melhor do meu ano. Mas, tirando ele e esses bons momentos, não encontrei nada de grande impacto e tão positivo, feliz e gratificante que me tivesse acontecido nos restantes meses.

É que, em Abril, comecei numa formação que durou até Junho. Depois, trabalhei durante todo o Verão e até final de Outubro. Em Novembro não se passou nada de tão relevante, e agora, em Dezembro, cá estamos.

Bem que podia ter escrito na agenda, nessa questão do melhor que aconteceu em cada mês, o facto de ter arranjado trabalho e tal. No entanto, para além de ter sido apenas um trabalho temporário, não foi do meu total agrado, como já falei por aqui.

E, nestas poucas frases, acabei de resumir todo o meu ano de 2019. O ano em que eu esperava encontrar um trabalho que não fosse temporário e do qual gostasse e em que achava que ia começar o meu negócio próprio; um ano de estabilidade, portanto. Porém, pelo contrário, foi um ano em que saí da zona de conforto. Começou quando me decidi a encontrar-me com o R. para conhecê-lo pessoalmente, e depois continuou quando me decidi a ir trabalhar numa área totalmente diferente. Com o R., correu tudo maravilhosamente; já com o trabalho, não deu certo. No entanto, não deixou de ser uma experiência. E experiências assim fazem-nos repensar nas coisas e vê-las de outra forma.

Apesar de, aparentemente, ter acontecido tão pouco durante este ano, sinto que não sou a mesma pessoa que era no final do ano passado. Tal como falei na última publicação, estou com uma postura diferente em relação ao Natal, mas também em relação àquilo que quero para mim. Sentia-me tão perdida antes, sem saber para onde me virar, especialmente na altura em que abandonei o meu trabalho. Ter uma infinidade de possibilidades e de escolhas e não saber que direcção tomar foi algo que me sufocou e angustiou de uma forma que mal consigo descrever. Agora, vejo-me com ideias mais fixas, e algumas dessas possibilidades que existem deixaram de ser hipóteses para mim, porque eu simplesmente não as desejo. Este mês, lutei – e continuo a lutar até ao final do ano – contra a ansiedade, o stress e a negatividade, que tanto me atormentam a cabeça por estar novamente desempregada, com a arma da consciência tranquila por esta ser uma altura em que ninguém se importa com contratações, a não ser para algum reforço – ou seja, novamente, trabalhos temporários. E lutei e continuo a lutar contra eles para que me deixem apreciar e viver o momento, pois não posso fazer nada por agora para resolver esse problema. Tal como o R. me disse, há que deixar isto e todas as outras coisas más neste ano que está perto do fim, entrando no novo ano como que limpa e livre destas coisas negativas.

Assim, tento terminar o ano com tranquilidade e com a esperança e a fé em como tudo vai ficar bem. E que, apesar de não ter sido aquele ano em que tudo iria dar certo e em que todos os planos se iriam realizar e etc., o próximo ano será melhor. Mesmo que, agora que se está entre o Natal e a passagem de ano – uma altura que é como que um limbo – sinta a negatividade à espreita e a apoderar-se de mim de vez em quando. E mesmo que esteja a ver-me exactamente na mesma situação em que estava no ano passado por esta altura. Talvez haja alguma lição a tirar disto, mas ainda não descobri ao certo qual é. Só sei que tenho que acreditar em como as coisas vão melhorar e correr bem, por muito difícil que isto seja para uma pessimista como eu. Acreditar que, se o meu timing para as coisas darem certo e para ter a vida estável e resolvida ainda não chegou, então chegará.

E, apesar das coisas que correram menos bem e que não deram certo, há que me focar numa coisa. Na melhor coisa que me aconteceu este ano. Posso não ter descoberto o que fazer da minha vida, nem ter encontrado o emprego de sonho, nem ter feito uma viagem incrível, nem ter começado a ponderar mudar-me para um apartamento só meu. Mas este ano encontrei o amor. E este é o melhor presente de todos.

16/12/19

Este ano vou falar do Natal


Ainda me lembro daquilo que escrevi no ano passado por esta altura. As razões para não falar do Natal. Lembro-me de como preferia que o Natal não existisse mais. De como estava totalmente indiferente a esta época. De como o meu espírito natalício estava abaixo de zero.

É verdade que os meus Natais continuam a ser mais tristes do que eram antes. A casa começa a ficar cada vez mais vazia. Os meus avós já cá não estão. Alguns tios e primos começam a ir passar a véspera de Natal com outros familiares que se encontram mais sós. Consequentemente, nós aqui também vamos ficando mais sós. São menos presenças à mesa, menos gargalhadas, menos presentes para trocar. Este ano não será diferente, e receio que os próximos continuarão a ser assim, ou que tenderão a piorar neste aspecto. Isto continua a deixar-me triste. Já não são os Natais que eu antes conhecia, e certamente que já não existe a mesma magia. Para além disto, é também o consumismo excessivo que me entristece. Bem como o consumismo por “obrigação”. Isto parece que se nota quando as pessoas oferecem presentes sem se terem preocupado ou perdido tempo com a sua escolha, como se pegassem na primeira coisa que encontrassem só para “despachar serviço”.

Em relação ao Natal, estas são coisas que não posso mudar e que tenho simplesmente que aceitar. Bem sei que os meus Natais nunca mais serão os mesmos, mas, este ano, decidi que me recuso a detestar esta época e a passá-la de forma indiferente e apática por causa disso. Este ano, quis ser receptiva ao espírito natalício e à magia do Natal; quis que, aos pouquinhos e de ano para ano, estes me invadissem de novo e me deixassem adorar esta altura do ano, tal como dantes.

Assim, este ano, tratei cedo dos presentes e fi-lo de bom grado. Comecei a montar a árvore de Natal por minha iniciativa, ainda em Novembro. Fui à baixa da minha cidade ver a iluminação e as decorações. Ando a ouvir músicas de Natal quando estou sozinha em casa a fazer qualquer coisa, e acendo as luzes da árvore ao serão, enquanto estou no sofá com a manta, no computador ou a ler.

Porque esta é uma época tão bonita, que eu sempre adorei e que quero voltar a adorar. Durante uns anos, remeteu-me para a família e para o calor, o aconchego e o conforto do lar, pois significava regressar a casa. Agora, embora isto já não se verifique e a casa e a mesa estejam cada vez mais vazias, é engraçado que começa a voltar a remeter-me para o mesmo. E a outras coisas mais. Amor, sonhos, felicidade, paz. Convívios e risadas à volta de uma mesa. É a época das luzinhas e das decorações mais bonitas e amorosas, onde tudo ganha um ar fofinho e reconfortante. Sabe-me a bombons, a licores, ao nosso bolo típico de melaço e fruta cristalizada. Cheira a lareira acesa, a chocolate quente, a velas aromáticas. Remete para pijamas quentinhos e meias de lã, a mantas grossas e a filmes no sofá. A cachecóis e sobretudos, a um frio gélido e cortante lá fora, mas a um calor e conforto cá dentro, de casa e nos corações.

Tudo isto sabe-me melhor do que um montinho de presentes. Até porque, por falar nisso, não tenho propriamente uma wishlist natalícia. Há sempre pequenas coisas que gostava de ter, mas são coisas que vou adquirindo ao longo do ano, quando posso e sem haver um motivo especial. Não espero pelo Natal para ter tudo o que andei a mendigar durante o ano inteiro. Isso nem faz sentido para mim.

Este ano, para além desta minha nova postura em relação ao Natal, também começo a sonhar com Natais futuros, especialmente quando ouço músicas natalícias numa versão mais acústica, calma e bonita, que combina na perfeição com o ambiente reconfortante em redor. Imagino-me a mim e ao R. a decorar o nosso futuro apartamento com os elementos mais amorosos ao som dessas mesmas músicas, a tirarmos aquelas fotografias parvas em que aparecem as luzes da árvore de Natal e os nossos pés dentro das meias de lã, a passarmos serões e as tardes de domingo no sofá enrolados nas mantas a ver filmes de Natal, a prepararmos chocolate quente. E sonho, também, com a possibilidade de fazer uma viagem por esta altura do ano, em especial a alguma cidade europeia com os típicos mercadinhos de Natal, embrulhada em roupa mas com o coração quentinho. Já agora, também gostaria de poder ver alguma neve, fosse nessa cidade, fosse num alojamento acolhedor e confortável no meio do nada, rodeado de branco.

Quero ser daquelas pessoas que, mesmo em adultas, continuam a vibrar com esta época. E que esta altura do ano seja novamente sinónimo de paz e felicidade e um incentivo à realização de sonhos, não apenas neste ano, mas em todos os que estão por vir. Que volte a ser a época mais maravilhosa do ano para mim. Sei que assim será. Já está a ser tão boa neste ano.

13/12/19

Sei que estamos em 2019 e que é Natal, mas tenho que falar sobre HIMYM

Esta publicação contém spoilers.

How I Met Your Mother foi a série que escolhi para (me) acompanhar estes últimos meses. Confesso que não estou nada por dentro das séries que passam actualmente e que sou um bocado old school neste aspecto, para além de muito selectiva. Já não sou muito de séries – porque há muitas mais coisas com que ocupar o meu tempo, algumas das quais bem mais interessantes do que olhar para um ecrã durante horas a fio –, mas, enquanto trabalhei este Verão, senti que precisava de uma. Para aqueles dias sem planos em que só queria atirar-me para o sofá, ou para aqueles bocadinhos entre o jantar e a hora de dormir. Vi Friends em 2017 devido a esta mesma necessidade e decidi que queria uma série desse género, leve, divertida, sem grandes dramas e seriedade, um escape à vida real. E assim lembrei-me de HIMYM, que nunca tinha acompanhado do início ao fim.

Terminei esta série há uns dias, mas ainda não sei bem como lidar com a forma como terminou. Já tinha ouvido dizer, na altura em que acabou, que o final tinha sido uma desilusão, uma “traição” para com os fãs, e que poucas tinham sido as pessoas que dele gostaram. Isto, por acaso, foi um factor que me levou a querer ver a série, pois aguçou a minha curiosidade. Mas a verdade é que nada poderia ter-me preparado para um final assim. Foi totalmente inesperado, e como que um murro no estômago.

09/12/19

Sinto-me eu mesma...


Com o cabelo avermelhado. A desenhar. Quando passo um serão em casa, aconchegada numa manta e nos pijamas e com uma grande caneca de um chá relaxante. Quando estou arranjada e gosto de me ver ao espelho com a roupa que escolhi. A cantar no carro enquanto conduzo. A ler, aconchegada e em absoluto silêncio, alheia à realidade. Num café acolhedor, ou num qualquer ambiente hygge, calmo, acolhedor, confortável. Com as minhas pessoas preferidas. Quando ouço música com os auriculares e aprecio-a verdadeiramente, tanto em termos de melodia como de letra, acabando por ficar toda arrepiada. Quando mergulho no mar. Quando me perco numa livraria ou quando vou a uma biblioteca. Quando tomo o meu café depois do almoço, em sossego e sem pensar em preocupações. Com o meu namorado, seja a passear, seja entre quatro paredes. Quando vou a um concerto de uma banda ou artista que estimo muito. A nadar. A sonhar acordada e a magicar novas ideias. Quando escrevo, seja para mim mesma, seja para as redes sociais, sejam as minhas histórias, os meus posts ou as minhas reflexões, seja no computador ou num dos meus cadernos. Com as minhas botas militares ou com as botas pelo joelho. Aconchegada em casa num dia de chuva. Quando viajo e conheço e descubro novos lugares. Quando sou completamente sincera.
Inspirado no texto do blog Bobby Pins.