13/12/19

Sei que estamos em 2019 e que é Natal, mas tenho que falar sobre HIMYM

Esta publicação contém spoilers.

How I Met Your Mother foi a série que escolhi para (me) acompanhar estes últimos meses. Confesso que não estou nada por dentro das séries que passam actualmente e que sou um bocado old school neste aspecto, para além de muito selectiva. Já não sou muito de séries – porque há muitas mais coisas com que ocupar o meu tempo, algumas das quais bem mais interessantes do que olhar para um ecrã durante horas a fio –, mas, enquanto trabalhei este Verão, senti que precisava de uma. Para aqueles dias sem planos em que só queria atirar-me para o sofá, ou para aqueles bocadinhos entre o jantar e a hora de dormir. Vi Friends em 2017 devido a esta mesma necessidade e decidi que queria uma série desse género, leve, divertida, sem grandes dramas e seriedade, um escape à vida real. E assim lembrei-me de HIMYM, que nunca tinha acompanhado do início ao fim.

Terminei esta série há uns dias, mas ainda não sei bem como lidar com a forma como terminou. Já tinha ouvido dizer, na altura em que acabou, que o final tinha sido uma desilusão, uma “traição” para com os fãs, e que poucas tinham sido as pessoas que dele gostaram. Isto, por acaso, foi um factor que me levou a querer ver a série, pois aguçou a minha curiosidade. Mas a verdade é que nada poderia ter-me preparado para um final assim. Foi totalmente inesperado, e como que um murro no estômago.




Olhando agora para a série no seu todo, e depois de ler alguns artigos pela internet a falar sobre o final, eu até sou capaz de perceber o porquê de a série ter acabado assim. O facto de não quererem ter dado um final previsível e digno de um conto de fadas, o conceito de que “o que for para ser, será”, a ideia de que um verdadeiro amor nunca se esquece, por mais voltas que a vida dê – sim, estas mensagens foram bem transmitidas. Mas, mesmo assim…

Adorava ver o Barney e a Robin juntos. Pareciam perfeitos um para o outro e estava mesmo a torcer por eles. Mesmo que, anteriormente, as coisas não tivessem dado certo entre eles, parecia que, desta vez, tudo ia correr bem. Aliás, basta olhar para aquilo que o Barney fez para reconquistá-la. Foi totalmente lindo.

A Robin foi uma personagem que foi perdendo o meu interesse ao longo do tempo. Achei imensa piada ao facto de ela ter sido uma espécie de Hannah Montana do seu país, mas o restante passado dela era demasiado estranho, quase irreal. Depois foram os seus relacionamentos, que também achei estranhos, o facto de ela estar sempre a embirrar com a pobre da Patrice sem motivo nenhum, enfim, entre outras coisas. E, depois da cena do Ted ter encontrado o seu medalhão, piorou. Com o comentário de Se calhar era contigo que eu devia casar. A sério, Robin? Por causa do raio do medalhão? Como se os sentimentos dela não importassem. Só me apeteceu esbofeteá-la.

O Ted parecia ter superado o amor pela Robin – especialmente depois desta cena do medalhão! Até resolveu ir embora, deixá-la ir finalmente e seguir a sua vida longe dela, a sua fonte de sofrimento. E, logo depois, conheceu A Mãe. A Mãe, que era tão fixe – e tão fofinha! E perfeita para o Ted. Eu estava a imaginá-la a aparecer por trás do sofá onde os filhos estavam sentados, logo depois do Ted terminar a história, dizendo qualquer coisa – por exemplo, comentar o facto de o Ted falar muito e de demorar horas a contar uma história, ou chamá-los para jantar, ou qualquer outra coisa. No entanto, quase no fim do episódio final, perceber que ela já tinha morrido foi o primeiro soco no estômago. Não não não, isto não pode estar certo. E, depois, o comentário da filha. Isto não é uma história sobre a mãe, porque ela mal aparece na história. Esta é uma história sobre o quanto gostas da Robin. Mais um murro no estômago. Não não não…

E eu a pensar que o Ted já tinha superado. Depois de ter estado tão apaixonado pela Tracy, A Mãe. E depois de todos os pontapés que a Robin lhe deu, do tanto que ela o fez sofrer por nunca ter sentido o mesmo que ele…enfim.

E, no entanto, penso sempre que esse sentimento não recíproco se manteve. A Robin não parecia gostar dele da mesma forma, nem sequer neste final. Aliás, até as suas relações anteriores me pareceram estranhas. Pareciam apenas “por conveniência”. Excepto com o Barney. Por falar nisso, ela voltou a ganhar a minha admiração depois da despedida de solteiro que organizou para ele. Brilhante.



É verdade que não foi um final previsível e cliché e que, afinal, eles estavam mesmo destinados a ficar juntos e tiveram que passar por imensas coisas e a vida teve que dar imensas voltas antes de isso acontecer. Mas a questão é que eu não via uma relação feliz entre o Ted e a Robin e um futuro feliz para eles. Talvez por não sentir, pela Robin, a mesma empatia que senti pela Tracy. Ou, talvez, pelo simples motivo de eu não querer que o Ted e a Robin ficassem juntos. Não achei que ela fosse boa para ele; achava que ele merecia alguém melhor, alguém que o compreendesse verdadeiramente. Lá está, alguém como a Tracy, que compreende o seu lado nerd, que atura as suas histórias, que gosta de gestos românticos, que é uma querida, enfim. Eram tão fofos juntos, um casal modelo mesmo que por tão pouco tempo e mesmo que tenham aparecido tão poucas cenas deles dois juntos. Apesar disso, quase que dá a sensação de que ela, A Mãe, apenas tivesse aparecido na vida do Ted para lhe dar o que ele sempre quis: mulher e filhos. Depois de ele ter tido isso, pronto, volta a ir atrás da Robin. É demasiado horrível pensar-se isso, mas fiquei com esse sentimento. Mesmo que tivessem sido tão felizes. Enfim, ela não devia ter morrido…

No seu todo, adorei a série. Tem situações um bocado descabidas e caricatas, algumas quase irreais e outras mesmo irreais, mas isso não a torna numa série algo parva. Aliás, estas situações dão humor à série. Mas não é apenas uma série de comédia, pois também há drama, tristeza e desgostos de amor pelo meio. Foi uma série que me fez rir muito, mas que também me fez “chorar” por dentro. Um destaque especial para a Lily e o Marshall, as minhas personagens preferidas, especialmente por serem aquele casal modelo. Adorei a forma como a história estava contada, com a narração do Ted e com aqueles saltos no tempo, indo para a frente e para trás de vez em quando para percebermos tudinho, para que nenhum pormenor mais parvo ou aparentemente sem importância fosse deixado por explicar. E, apesar de tudo, não deixa de ser uma série real, actual. Porque, no meio de todas as piadas e de todas as situações caricatas, é capaz de descrever a vida real. Porque me identifiquei com algumas situações. Porque nos dá lições de vida. E porque aquele horrível final veio demonstrar isso mesmo. A vida não é um conto de fadas nem algo tão linear. Dá imensas voltas. Não foi apenas o final a prova disso. Deu para ver a quantidade de voltas que aquilo teve que dar para que acontecesse aquilo de que sempre estivemos à espera desde o primeiro episódio – o momento em que o Ted conhece A Mãe. É uma série que sou capaz de rever no seu todo, anos mais tarde. Mesmo já sabendo o que acontece – dessa vez, até iria prestar atenção às pistas escondidas que revelam que, no presente, A Mãe já não está com o Ted e com os filhos. Talvez tenha sido o facto de o final ser tão real, e não previsível e de conto de fadas, que mexeu tanto comigo. Mostra-nos que a vida é tão efémera, tão imprevisível. E que, por isso, devemos aproveitar todos os segundos, especialmente com as pessoas de quem gostamos. Amando-as todos os dias, por todos os segundos. Agradecendo por as termos ao nosso lado, por as termos encontrado e por terem sido colocadas no nosso caminho.

Foi engraçado que vi a série com legendas em brasileiro e que, assim que o episódio terminou, apareceu uma legenda a dizer algo como Crianças - tal como o início de muitos episódios, quando o Ted falava com os filhos -, tenham ou não gostado desse final, tenham em mente que o que realmente importa na vida não é o destino, mas sim a jornada.



Engraçado, também, que o último episódio que eu vi não foi o episódio final da série. Eu saltei um episódio sem dar conta, e só o descobri depois de terminar a série, enquanto lia os tais artigos pela internet fora a falar do final. Não dei conta de ter saltado o episódio, porque era como um episódio “à parte”, cujo conteúdo não estava inserido nos acontecimentos dos restantes episódios, daí não ter perdido nada em termos de história. Mas era um episódio interessante que também tinha a sua importância. Era inteiramente sobre A Mãe, e chamava-se How Your Mother Met Me.

E foi este o último que vi, depois de, ao ler alguns artigos, me aperceber que o tinha saltado e eliminado do meu computador sem querer. Já sabendo o que aconteceria depois; já sabendo como seria a história entre ela e o Ted. E, assim, a última cena que vi de HIMYM não foi a do Ted à porta de casa da Robin pronto a reconquistá-la – e a sonhar com o final feliz que eu não creio que aconteça –, mas sim a da Tracy a tocar La Vie En Rose no seu ukulele. E foi uma cena que me entristeceu, não só pela música e pela forma como ela canta, mas também por já saber qual seria o destino de ambos.

1 comentário:

  1. Eu fui vendo esta série, está constantemente a dar na Fox Comedy (já enjoa) e confesso que não fiquei fã. Vou vendo e tal mas para além de chato o final estragou tudo. A Robin nunca o quis, tinha sempre uma desculpa parva para acabarem e depois veio a Tracy, mal a vimos na série e no fim ele termina com a Robyn. Tem a sua graça aquilo ter sido no fundo uma história sobre ele e a Robyn foi um twist engraçado mas não gostei xD
    Já a Tracy a cantar La vie em rose é o meu momento preferido, se esse episódio estiver a dar vejo só para a ouvir cantar ♥

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