Ainda me lembro daquilo que
escrevi no ano passado por esta altura. As razões para não falar do Natal.
Lembro-me de como preferia que o Natal não existisse mais. De como estava
totalmente indiferente a esta época. De como o meu espírito natalício estava
abaixo de zero.
É verdade que os meus Natais
continuam a ser mais tristes do que eram antes. A casa começa a ficar cada vez
mais vazia. Os meus avós já cá não estão. Alguns tios e primos começam a ir
passar a véspera de Natal com outros familiares que se encontram mais sós.
Consequentemente, nós aqui também vamos ficando mais sós. São menos presenças à
mesa, menos gargalhadas, menos presentes para trocar. Este ano não será
diferente, e receio que os próximos continuarão a ser assim, ou que tenderão a
piorar neste aspecto. Isto continua a deixar-me triste. Já não são os Natais
que eu antes conhecia, e certamente que já não existe a mesma magia. Para além
disto, é também o consumismo excessivo que me entristece. Bem como o consumismo
por “obrigação”. Isto parece que se nota quando as pessoas oferecem presentes
sem se terem preocupado ou perdido tempo com a sua escolha, como se pegassem na
primeira coisa que encontrassem só para “despachar serviço”.
Em relação ao Natal, estas são
coisas que não posso mudar e que tenho simplesmente que aceitar. Bem sei que os
meus Natais nunca mais serão os mesmos, mas, este ano, decidi que me recuso a
detestar esta época e a passá-la de forma indiferente e apática por causa
disso. Este ano, quis ser receptiva ao espírito natalício e à magia do Natal;
quis que, aos pouquinhos e de ano para ano, estes me invadissem de novo e me
deixassem adorar esta altura do ano, tal como dantes.
Assim, este ano, tratei cedo dos
presentes e fi-lo de bom grado. Comecei a montar a árvore de Natal por minha
iniciativa, ainda em Novembro. Fui à baixa da minha cidade ver a iluminação e
as decorações. Ando a ouvir músicas de Natal quando estou sozinha em casa a
fazer qualquer coisa, e acendo as luzes da árvore ao serão, enquanto estou no
sofá com a manta, no computador ou a ler.
Porque esta é uma época tão
bonita, que eu sempre adorei e que quero voltar a adorar. Durante uns anos,
remeteu-me para a família e para o calor, o aconchego e o conforto do lar, pois
significava regressar a casa. Agora, embora isto já não se verifique e a casa e
a mesa estejam cada vez mais vazias, é engraçado que começa a voltar a
remeter-me para o mesmo. E a outras coisas mais. Amor, sonhos, felicidade, paz.
Convívios e risadas à volta de uma mesa. É a época das luzinhas e das
decorações mais bonitas e amorosas, onde tudo ganha um ar fofinho e reconfortante.
Sabe-me a bombons, a licores, ao nosso bolo típico de melaço e fruta
cristalizada. Cheira a lareira acesa, a chocolate quente, a velas aromáticas.
Remete para pijamas quentinhos e meias de lã, a mantas grossas e a filmes no
sofá. A cachecóis e sobretudos, a um frio gélido e cortante lá fora, mas a um
calor e conforto cá dentro, de casa e nos corações.
Tudo isto sabe-me melhor do que
um montinho de presentes. Até porque, por falar nisso, não tenho propriamente
uma wishlist natalícia. Há sempre
pequenas coisas que gostava de ter, mas são coisas que vou adquirindo ao longo
do ano, quando posso e sem haver um motivo especial. Não espero pelo Natal para
ter tudo o que andei a mendigar durante o ano inteiro. Isso nem faz sentido
para mim.
Este ano, para além desta minha
nova postura em relação ao Natal, também começo a sonhar com Natais futuros,
especialmente quando ouço músicas natalícias numa versão mais acústica, calma e
bonita, que combina na perfeição com o ambiente reconfortante em redor.
Imagino-me a mim e ao R. a decorar o nosso futuro apartamento com os elementos
mais amorosos ao som dessas mesmas músicas, a tirarmos aquelas fotografias
parvas em que aparecem as luzes da árvore de Natal e os nossos pés dentro das
meias de lã, a passarmos serões e as tardes de domingo no sofá enrolados nas
mantas a ver filmes de Natal, a prepararmos chocolate quente. E sonho, também,
com a possibilidade de fazer uma viagem por esta altura do ano, em especial a
alguma cidade europeia com os típicos mercadinhos de Natal, embrulhada em roupa
mas com o coração quentinho. Já agora, também gostaria de poder ver alguma
neve, fosse nessa cidade, fosse num alojamento acolhedor e confortável no meio
do nada, rodeado de branco.
Quero ser daquelas pessoas que,
mesmo em adultas, continuam a vibrar com esta época. E que esta altura do ano
seja novamente sinónimo de paz e felicidade e um incentivo à realização de
sonhos, não apenas neste ano, mas em todos os que estão por vir. Que volte a
ser a época mais maravilhosa do ano para mim. Sei que assim será. Já está a ser
tão boa neste ano.
Há sempre um ano ou outro que o natal será triste porque faltam pessoas mas acho que não devemos detestar esta altura se antes gostávamos. Devemos aproveitar como conseguimos e há sempre motivos para gostar mesmo que a família seja pouca. Lá em casa somos 3 mas somos bons ahah. Mais vale poucos mas que seja o ano todo que muitos e no resto do ano ninguém se vê ou fala.
ResponderEliminarAproveita o melhor que conseguires e se der o teu namorado faz como o meu, a meia-noite vai lá ter a casa e abre as prendas connosco :)