Nunca achei grande piada, ou
dei grande importância, ao dia dos namorados. Achava que era mais um pretexto
para se gastar dinheiro. Desnecessariamente, uma vez que não é preciso um dia
especial no calendário para se ir jantar fora ou fazer outro programa qualquer,
ou mesmo para se oferecer um presente. Oh, os presentes…! Não gostava nada de
ver todas as montras enfeitadas com corações e presentes tão pirosos. Pior ainda
era ter que escolher um presente. Ter que.
E que não fosse piroso.
Honestamente, ainda não sei
bem qual é a minha posição em relação ao São Valentim. Se, por um lado,
continuo a achar que é “um pretexto para…” e que o dia dos namorados pode ser
todos os dias e sempre que se quiser, por outro eu já o acho algo engraçado. Já
não me fazem comichão as montras com os corações, os peluches e os postais
pirosos, os gestos românticos ou as fotografias dos casais apaixonados e
felizes.
O R. fez-me ver as coisas de
maneira diferente. Tornou-me
diferente. Traz ao de cima o melhor de mim, incluindo o meu lado mais
romântico. Um lado que eu nem sabia que tinha, que me faz dizer e fazer coisas
que eu, antes, nunca imaginara vir a dizer e fazer.
Hoje, no nosso primeiro dia
dos namorados, por razões que escapam ao nosso controlo, não poderemos estar
juntos. Mas não faz mal. Como disse, qualquer dia pode ser dia dos namorados. Contudo,
apesar disso, dei por mim a querer surpreendê-lo e a oferecer algo de qualquer
forma. Continuo a não ser adepta dos presentes característicos do dia, pelo que
tive a ideia de fazer umas bolachinhas caseiras de canela e gengibre em forma
de coração. Só tive que comprar alguns dos ingredientes – tinha a maior parte
deles em casa – e um pote de vidro. Fiz as bolachinhas com todo o gosto e com
todo o amor. Talvez por isso tenham saído mesmo bem e tenham ficado tão
saborosas. A juntar a isso, escrevi uma pequena cartinha. E ficou feito.
Acho que não é por ser algo “simples”
e barato que não tenha valor. Na verdade, o valor das coisas não tem a ver com
o seu preço ou com o facto de serem “grandiosas”. Para mim, o mais importante é
o gesto. O oferecer algo porque se quer. O fazê-lo com gosto. Por amor. O surpreender
a pessoa. E fazer o nosso próprio presente, em vez de se comprar algo, seja por
“obrigação” ou por gosto, que se encontra em qualquer lugar e que muitas outras
pessoas virão a ter, é todo um outro nível. Acho que confere ainda mais valor e
significado ao gesto. Para não falar que é um presente único e original.
Não estou, com tudo isto, a
gabar-me de ter feito o meu próprio presente ou a insinuar que isto é melhor ou
que o meu presente é melhor do que o de quem estiver a ler isto. Nem pretendo
fazê-lo. A questão é que eu nunca tinha feito isto antes. Nunca tinha feito um
presente com as minhas próprias mãos; nunca tinha feito algo por gosto para
oferecer; nunca tinha resolvido oferecer algo por minha iniciativa. Sim, é
verdade que é dia dos namorados, mas, uma vez que não estávamos a celebrá-lo,
não havia propriamente este “pretexto” para oferecer algo. Até porque ofereci
as bolachinhas há dois dias.
Mas a ideia e a iniciativa
partiram de mim, soube-me tão bem fazê-lo, pois fi-lo mesmo com gosto, e ver a
reacção do R., ver todo o amor nos seus olhos e receber aquele abraço tão
apertado, foi impagável e inesquecível. Ele faz sobressair o meu lado
romântico, que estava completamente adormecido. Faz-me ser melhor. Diferente. Uma
pessoa que eu nem sequer conhecia e que nunca pensei que pudesse ser.
As bolachas têm óptimo aspeto! Eu não ligo nada ao dia dos namorados, gosto de estar com o meu namorado se der mas não fazemos nada. Ficamos por casa a aproveitar a companhia um do outro (:
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