Via We Heart It. |
No final do ano passado, propus-me
a dar um salto de fé e a sair da minha zona de conforto. Disse a mim própria
que teria que arriscar, que iria
arriscar. Arriscar em algo que nunca teria feito antes e no qual nunca pensara
enquanto um plano possível, ou mesmo um plano de recurso. Arriscar mesmo com
medo, com medo de falhar e de que poderia dar errado. Arriscar, porque dar esse
salto de fé poderia resultar num voo em direcção a um bom e grande futuro. E,
quer desse certo, quer desse errado, sabia que, garantidamente, esse salto de
fé me traria uma experiência, uma aprendizagem, um crescimento, tanto pessoal,
como profissional.
As coisas, no entanto, nem sempre
correm como planeamos. Por vezes, surgem reviravoltas tão inesperadas que
alteram todo o rumo das coisas. Reviravoltas que me levam a perguntar se não
serão obra do destino.
Comecei este mês de Abril com uma
má notícia; depois, conformei-me e determinei-me a arriscar e a dar o tal salto
de fé que há tanto tempo planeara; e, dias mais tarde, quando menos esperava,
uma nova oportunidade surgiu. E decidi, sim, dar um salto de fé. Mas noutra
direcção, abraçando esta oportunidade inesperada que apareceu de forma tão
súbita.
De repente, tudo aquilo que
planeara durante tanto tempo, que atrasara e adiara algumas vezes devido a
outros imprevistos e que tanto receio me dava por não saber se iria dar certo,
tornou-se num plano de recurso. Tornou-se, apesar de tudo, em algo que continua
na minha mente, num trunfo pronto a usar caso esta nova oportunidade de
trabalho acabe por não resultar, ou não resultar tão bem.
Trabalhar por conta própria,
apesar de arriscado, não deixava de ser aliciante. A ideia de ser a minha
própria chefe era deliciosa. Pensava em como seria bom não ter que agradar,
provar o meu valor e mostrar resultados a um superior, poder trabalhar à minha
maneira, fazer o meu próprio horário, ter folgas e tirar férias quando bem
entendesse. Porém, assustava-me a ideia de falhanço e de não ter algo fixo. Não
ter um rendimento fixo. Não ter um horário fixo. Por muito que diga que a
rotina se torna cansativa e que gosto de quebrá-la, a verdade é que não
funciono sem uma. E não me sinto confortável se não tiver uma certa segurança. Começava
a achar que, pelo menos em início de carreira, no começo deste voo após o salto
de fé, precisaria de mais qualquer coisa que me desse essa segurança e essa
rotina, de modo a sentir-me mais confortável.
Esta “qualquer coisa” veio rápida
e inesperadamente, com tanta força que começou a ocupar grande parte dos meus
dias e que empurrou o meu plano inicial para os bastidores, onde agora assenta
como um plano de recurso, um trunfo, adormecido. Porque seria parvoíce da minha parte pô-lo
de lado ou atirá-lo ao lixo, depois de tanto estudar, planear, reunir
informações, investir. Por outro lado, também seria parvoíce da minha parte desperdiçar
uma nova oportunidade, ainda que tão diferente.
Continua a ser um salto de fé. Continua
a ser algo que me fará sair da minha zona de conforto. Continua a ser algo que
nunca fiz e que nunca me imaginara vir a fazer. Continua, por isso, a ser uma
oportunidade para crescer, para aprender, para evoluir.
Na verdade, sinto-me como se
tivesse regressado à faculdade. Horário rigoroso, “aulas”, avaliações, o tirar
notas, o andar de transportes públicos, o conviver com novos colegas. Mas, por mais
estranho que seja, não deixa de ter o seu quê de engraçado. No fundo, acredito
que valerá a pena. Nem que seja apenas pela experiência. É por isso e pelas
lições que delas retiramos que acredito que tudo acaba por valer a pena e que
nada é tempo desperdiçado.
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