Os últimos dias - pelo menos alguns deles - não têm sido propriamente bons. Estar novamente desempregada e no mesmo exacto ponto em que estava no ano passado, precisamente nesta altura do ano, começou a pôr-me para baixo. Andei desanimada e triste – ainda ando, num dia ou noutro. Até senti necessidade de pegar num caderno e escrever aquilo que sentia e em que estava a pensar. É verdade que não gostei muito de trabalhar onde trabalhei agora estes últimos meses e que também não gostei muito do trabalho em si, mas estar sem fazer nada faz-me sentir impotente. Pior do que não fazer nada, é não ter um plano. Ou não ter motivação para pôr mãos à obra e traçar um plano. Tudo isto torna-se frustrante. E mais frustrante é pensar que, se devemos acreditar que tudo está a acontecer como é suposto e que tudo acontece por um motivo, então por que motivo está o universo a pôr-me na mesma situação que há um ano atrás e qual foi o motivo de me ter feito passar por uma experiência que pouco me trouxe de positivo?
Tentar procurar uma resposta para
esta pergunta, não saber para onde me virar nem conseguir decidir o que fazer a
seguir e ter esta sensação de não contribuir para nada, de me sentir inútil e
impotente – tudo isto me desanima e põe para baixo e deixa a minha mente num
turbilhão, como se nela estivesse um furacão e várias ideias e coisas negativas
a colidir violentamente umas contra as outras. Mas, tal como depois dos
furacões e das tempestades vem a bonança, também na minha mente surgem momentos
de calma e de clareza. Por vezes, com uma minúscula centelha de esperança a
brilhar bem ao longe. Isto tudo quando eu própria me permito acalmar-me.
Continua a ser verdade que não
tenho um plano traçado, e que nem estes breves momentos de calma vêm com um
plano que mudará a minha vida ou com um sonho fantástico à espera de ser
realizado. Mas tenho intenções, e talvez este seja um primeiro passo para não
perder a esperança.
Quero ler mais, voltar a estar
embrenhada e perdida num bom livro durante horas numa tarde de preguiça ou num
serão antes de dormir. Quero voltar a estar bem agarrada a uma série e de fazer
maratonas de episódios em pijama sem me sentir culpada por não estar a fazer
nada de produtivo. Quero voltar a ficar viciada em músicas que vou descobrindo
e voltar a ter aquela vontade de ir a concertos, aquela vontade tão grande que
até me faz apanhar um avião. Quero ir ter com o meu namorado após uma semana de
trabalho e passar com ele um dia ou o fim-de-semana inteiro, recarregando
baterias para a semana que se avizinha e enfrentando essa nova semana com maior
alegria e uma nova motivação. Quero voltar a ter aquela vontade de sair e ir a
qualquer lado sozinha, para ir andar a pé, ir ver o mar ou ir tomar um café,
estando a sós com os meus pensamentos e contente e grata com o que tenho. Quero
sair do trabalho e ir a correr para a minha aula de pilates, para lá relaxar e
deixar todo o stress e todas as coisas menos boas que tiverem acontecido
naquele dia. Quero, uma vez por outra, quebrar a rotina e fazer algo diferente
ao final de mais um dia, aproveitando o momento sem pensar no número de horas
que ainda tenho para dormir e com a mente livre de preocupações. Quero, de vez
em quando, dar-me ao luxo de ir comer fora ou de encomendar comida pouco ou
nada saudável para comer no sofá. Quero voltar a sentir-me feliz nesta altura do Natal, com as decorações e as luzes, as músicas, a busca por presentes e a antecipação pelos convívios e pelos jantares. Quero ir à Harry Potter Exhibition e aos
congressos e às formações que bem entender. Quero passar fins-de-semana
prolongados longe de casa, num outro lugar da ilha ou em qualquer outro lugar
deste país que eu queira (re)visitar. Quero ter pequenos e variados períodos de
férias em que possa viajar e realizar outros tantos planos. Quero encarar como
uma dádiva todos estes pequenos períodos, todos os feriados, todos os
fins-de-semana, todos os pedacinhos de tempo livre que tiver, quais jóias preciosas
e tesouros escondidos, para que possa aproveitá-los ao máximo, em vez de
desperdiçar tempo e de ficar a pensar em como poderei ocupá-lo.
Quero um trabalho que não me
prenda pelo dinheiro, que não me faça sair da cama como se estivesse a fazer um
frete ou a caminhar para um abismo, que não me faça sentir infeliz, deslocada e insegura. Quero que me dê a
estabilidade não só para dar vida aos meus pequenos e ocasionais luxos, mas
também para pôr em prática outros planos maiores e a longo prazo, como um
futuro lar. Mas não quero que o dinheiro seja o factor mais importante, porque
há outros factores que são tão ou mais importantes. Quero que tenha um horário
decente, bons colegas com quem trabalhar e conviver e que aquilo que eu faça
seja valorizado.
Quero, agora mais do que nunca,
ter esperança e ser positiva e acreditar que vai ficar tudo bem, embora isto
seja demasiado difícil para uma pessimista como eu. Quero deixar de ter medo,
de agir por medo e com base naquilo que os outros vão pensar. Quero deixar de me lamentar com a vida que tenho e com as coisas e as escolhas que fiz. Quero gostar realmente de mim mesma. Quero ser feliz.
Estou meio que na mesma situação que tu; sentir que estamos de volta à estaca zero, sem ter evoluído muito mesmo tendo passado um ano, é uma pain in the ass completa. mas pode dar-nos a motivação para mudarmos algo para que daqui a um ano não estejamos no mesmo sítio <3 o que me está a segurar agora é, tal como tu, acreditar. e desde que não percamos isso, está tudo bem. beijinho e que consigas fazer o que queres!
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