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Agosto
teve momentos maus. A perda da minha tia, lutas interiores,
pensamentos negativos. Momentos que me deixaram em lágrimas e que
pareceram durar imenso tempo. Tanto tempo, ao ponto de eu pensar que
foram apenas esses maus momentos que caracterizaram este mês.
Fiquei, por isso, com a sensação de este mês não me ter trazido
nada de bom. Ainda bem que me obriguei a fazer este exercício mental
– e ainda bem que, por vezes, tiro fotos aleatórias com o
telemóvel, pois é muitas vezes, ao vê-las, que me recordo dos
melhores dias.
Dias
no campo
O mês começou fora de casa. Não
fui para longe, apenas para fora da cidade, para uma casinha de
férias “emprestada”. E soube-me bem. Soube-me bem porque não
pensei em nada. Esqueci as minhas preocupações em relação ao
futuro e à minha situação actual; esqueci o “mundo real” e
senti-me realmente de férias. Afastei-me um pouco das redes sociais
e limitei-me a aproveitar o ar livre, a saborear boas refeições, a
desfrutar da companhia das pessoas que estavam comigo e a deliciar-me
com um bom livro. Foram, contudo, dias que souberam a pouco e gostava
de ter ficado mais tempo. E sei perfeitamente porquê: para continuar
longe do “mundo real”; para continuar a desacelerar e a manter a
cabeça livre de preocupações e de maus pensamentos.
Noite
branca
A Festa Branca já é
uma tradição na minha cidade: as ruas do centro histórico fecham
ao trânsito, há diversos palcos espalhados por elas, há comida e
bebida e toda a gente tem que ir vestida de branco.
A festa em si não foi, na minha
opinião, nada de extraordinário e achei que estava muito mal
organizada, no sentido de não se saber onde raio estavam os palcos e
de não se saber quais eram as bandas e os artistas que tocavam em
cada um, nem a que horas tocavam. Apenas quero destacar esta data por
uma questão de “quase” amor-próprio e por ser, digamos, uma
espécie de conquista, de avanço, para mim. Quis sair de casa e quis
ir a uma “festa”, à noite. Quis arranjar-me para sair, e
senti-me bem. Gostei de me arranjar para sair. Isto pode ser uma
coisa banal para muita gente e nada digna de registo, mas, para mim,
uma pessoa que passou semanas a odiar-se a si própria e a querer
esconder-se e refugiar-se do mundo, foi qualquer coisa. Foi como um
empurrãozinho para não voltar a ter medo e para tentar voltar a
aceitar-me.
Trabalho
Bem queria dizer que consegui um
emprego, mas não, não é disto que se trata este tópico. O que se
passou foi que fui chamada pela empresa onde trabalhei para realizar
um trabalho da minha área. Foi algo que já me tinham falado e com o
qual concordei no momento, pois assim não estaria completamente
parada e ainda podia ir ganhando uns trocos. No entanto, senti-me mal
ao receber a chamada a pedirem-me que fosse trabalhar. Isto porque
não queria regressar àquele lugar. E estava receosa de voltar a ver
os meus colegas. Receosa de ser vista como uma intrusa e que me
tratassem de uma forma estranha, sem a mesma confiança de antes.
Enfim, parvoíces.
Aquilo que me foi pedido foi feito
numa tarde e numa manhã. Houve algumas melhorias na empresa; houve
coisas que se mantiveram na mesma e que quase me enervaram, mas que
se resolveram. E, quanto aos meus receios, foram mesmo
desnecessários.
Quando se resolveu tudo o que era
preciso de modo a poder fazer o meu trabalho – ou seja, quando
consegui tudo o que era necessário –, trabalhei sem stress.
Apercebi-me de como é completamente diferente quando fazemos apenas
o trabalho que nos compete, ao invés de estarmos pouco a pouco a
parar e a deixá-lo em stand-by para irmos ajudar ou
socorrer um colega ou outro – que era o que me acontecia enquanto
trabalhava lá. Portanto, sim, fiz única e exclusivamente o meu
trabalho, sem stress, sem ser incomodada. E isso soube bem.
Bem ao ponto de ficar com saudades
de trabalhar. Não de trabalhar naquele lugar, atenção. Apenas de
trabalhar. Mas isto será tema para uma próxima publicação.
Reencontros
Agosto foi um mês de reencontros,
tanto com familiares, como com amigos.
No que toca à família, houve
diversos almoços, jantares, tardes de praia e uma manhã passada no
ilhéu de Vila Franca – um dos meus lugares favoritos de São
Miguel para passar um dia de Verão. Adorei, especialmente, esta
manhã. Já não me lembrava do quanto gostava de nadar e de
mergulhar no mar – de mergulhar bem fundo, junto às rochas, e de
abrir os olhos debaixo de água. Outro dos momentos que mais gostei
foi de um almoço na varanda da casa de férias dos meus tios, em
cima da praia e tão descontraído, com um arroz de lapas delicioso.
Infelizmente, parece que foi preciso um acontecimento trágico – a
perda da minha tia – para nos reaproximar. Mas, pensando bem, esta
reaproximação “forçada” – no bom sentido – pode ter
servido para pensarmos em juntarmo-nos mais vezes.
Houve, também, alguns encontros
com o outro lado da família, embora não muitos. Destaco o nosso dia
nas Furnas, onde tomámos um café num sítio giro, passámos a tarde
solarenga a conversar à sombra das árvores e jantámos o famoso
cozido. Para quem não sabe, o “cozido das Furnas” é um cozido à
portuguesa cozinhado...num buraco no chão. É o calor da própria
terra que coze os alimentos. Na minha opinião, fica muito mais
saboroso que o cozido à portuguesa tradicional.
Com amigos, houve um almoço,
diversos cafés e uma saída à noite; houve conversas mais ou menos
sérias, desabafos, risadas e algumas surpresas. Uns encontros com
uns, outros com outros, mas, seja como for, foram bons momentos com
pessoas que já não via há algum tempo.
Progressos
Ao longo deste mês, foquei-me e
dediquei-me a algo que me propus a aprender: o lettering.
Enchi folhas e folhas de traços básicos, e outras tantas com letras
individuais. Parecia que tinha regressado à primária e que estava a
aprender a escrever novamente, mas adorei – e continuo a adorar –
todo o processo de criação de palavras e de frases com letras
bonitas e com movimento e elementos decorativos. Não é tão simples
como parece à primeira vista; é um processo minucioso e que requer
muita paciência e, como não podia deixar de ser, muita prática.
Mas, com gosto e com os materiais certos, tudo se torna mais fácil.
É giro, interessante e divertido, e até chega a ser relaxante.
Agora, começo a criar as primeiras frases. Veremos até onde isto me
irá levar.
Cool
places in town
Conheci dois sítios muito giros
este mês, em plena baixa da cidade.
Um deles é um bar alternativo. É
mesmo o meu tipo de bar, com música ambiente, uma boa decoração e
várias mesas para se conviver. Tomei uma piña colada
que mais parecia um milkshake e que estava deliciosa. Para
mim, o ideal para uma saída à noite com amigos é mesmo isto: um
bar calmo e agradável onde se possa conversar normalmente, e não um
lugar barulhento e pilhado de gente – em que a maioria está “mais
para lá do que para cá”, se é que me entendem.
O outro local é uma coffee
shop. Também com uma decoração muito gira e alternativa, e
com um espaço acolhedor, pareceu-me uma óptima escolha para passar
umas horas a trabalhar no portátil ao mesmo tempo que se saboreia um
bom lanche. Não vi o aspecto das bebidas de cafetaria, mas alguns
dos bolos em exposição chamaram-me a atenção, por serem
diferentes e serem confeccionados com ingredientes menos
tradicionais. Mas a razão de eu ter lá ido, motivo pelo qual ouvi
falar deste lugar, foram os gelados. São gelados de fruta, mas que
são cem por cento fruta, como se se descascasse a fruta e a
preparasse de modo a obter-se a forma de um triângulo e a congelasse
em seguida. Existe a opção de se mergulhar o gelado em chocolate,
ficando-se com uma cobertura, mas acho que isto “estraga” um
bocado o conceito e o próprio gelado. Comi o de figo e fiquei
rendida. É tão doce e tão saboroso, e é tão estranho achá-lo e
dizer isto de um produto que é única e exclusivamente fruta! Eu
acho que é estranho, pois não sou propriamente uma grande fã de
fruta. Mas fiquei fã destes gelados e do próprio espaço, ao qual
irei, definitivamente, regressar, desta vez para testar as bebidas
quentes e os bolos.
Há sempre coisas boas no meio das más mas por vezes ficam esquecidas. Estas publicações são um excelente exercício para vermos o lado bom das coisas :)
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