30/12/18

2018


Pela primeira vez na vida, comecei o ano com um mergulho no mar, com a intenção de me trazer boas energias e de me lavar a alma das más. Passei no exame de acesso à Ordem dos Nutricionistas, depois de tanta frustração. Adquiri uns óculos novos; estou cada vez mais cegueta, mas ao menos agora tenho uns óculos de que gosto e com que gosto de me ver ao espelho. Fiz coisas de que me arrependi, mas não vou falar sobre elas. Troquei de carro, não por querer, mas porque a necessidade assim o obrigou (“morte” do motor...RIP, boguinhas). Fiz férias no Alentejo e tive dias tão, mas tão preenchidos em que conheci muitos sítios novos. Deixei o meu trabalho. Foi um ano em que não fui a um único concerto. Doei a maior parte do meu longo cabelo. Tive um Verão infernal, que eu espero que tenha sido o pior da minha vida. Comecei a aprender lettering e, agora, não vou largar isto. A minha tia de espírito livre, jovem e feliz partiu, coisa em que ainda me custa acreditar. Ganhei vontade de regressar à blogosfera e criei este novo blog. Fiz uma formação na minha área que me fez pôr várias coisas em perspectiva. Deve ter sido o ano em que fui mais vezes ao cinema – quatro vezes, se não me estiver a esquecer de nenhuma. Removi o aparelho dos dentes superiores e parece que me sinto mais livre e mais leve – pelo menos gosto mais do meu sorriso agora. Mudei o visual por duas vezes – ir duas vezes à cabeleireira no mesmo ano é um recorde para mim, que passei anos sem lá pôr os pés – e fartei-me de receber elogios sobre como tinha mudado para melhor. Comecei, devagarinho e com alguma dificuldade, a voltar a gostar de mim própria.

Estas dezoito frases representam dezoito coisas que marcaram o meu ano. Coisas boas, coisas más, coisas mais importantes do que outras. Pensei que me ia ser difícil encontrar dezoito acontecimentos, mas, para além de, no fim, ter sido mais fácil do que pensava, podia, até, ter acrescentado mais coisas.

Foi um ano tão estranho. Agora que anotei estas dezoito coisas, que as relembro e que olho para trás, reparo em como foi preenchido. Em como teve tanto de mau e de sufocante, mas em como, ao mesmo tempo, trouxe coisas boas, mesmo que pequeninas. Parece que começa a haver algum equilíbrio. Como se eu, depois de ter saído de 2017 como se tivesse o peso do mundo às costas, completamente perdida, triste e desmotivada, tivesse tentado, a custo, equilibrar a balança, para que ela depois começasse a pender para o outro lado. Só o mero facto de tentar equilibrá-la foi penoso, pois era como se, ao adicionar algo de positivo, viesse algo de negativo bem mais pesado, que chegava com todas as forças. E parece que isto se manteve desta forma durante o ano inteiro. Só agora, no final, é que as coisas parecem estar minimamente equilibradas. Embora, no fundo, eu pressinta uma ligeira tendência, por parte da balança, para o lado do positivismo.

Tenho planos para o próximo ano, sim. Planos, objectivos, ideias que quero pôr em prática. Não vou revelá-los e falarei sobre eles apenas quando os cumprir ou estiver a caminho de os cumprir, sob pena de nenhum deles se concretizar. Julgamentos à parte, acho que dá azar revelar estas coisas a qualquer um e como se nada fossem. Porque, às vezes, parece que existe uma força má e mesquinha sobre nós todos, que sabe tudo de nós excepto os nossos pensamentos, à espera de um pequeno incentivo ou deslize da nossa parte para estragar tudo e impedir-nos de fazer aquilo que queremos.

Também acho incrível constatar que, se não tivesse feito certas coisas ou não tivesse tomado certas decisões durante este ano, determinadas coisas boas e positivas não teriam acontecido. É quase como se fosse obra do destino, coisa que eu ainda não sei bem se acredito ou não. Seja como for, estou grata pelo que se passou este ano. Estou grata pela coragem que tive para tomar certas decisões; por ter sido paciente e por ter dado tempo a mim própria, em vez de ter feito escolhas precipitadas; pela força e motivação que fui capaz de reunir, de modo a voltar a investir em mim mesma; pela vontade de mudar. Estou grata porque tudo isto está a fazer com que me redescubra e está a tornar-me numa pessoa que acredito ser melhor. Ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, vou entrar no novo ano com determinação, com foco, com planos e objectivos para cumprir, com uma centelha de esperança de que tudo irá correr bem e irá mudar para melhor.

Por isso, venha ele. Um ano muito feliz para vocês ❤

28/12/18

Confiança

No meu último dia de trabalho, um colega disse-me algo como Um dia a tua vida vai ser exactamente como queres. Eu já estava com as emoções à flor da pele nesse dia; tanto estava triste como apática, mas estava, também, nervosa e aterrorizada, a questionar pela milésima vez aquela decisão tão importante. E tudo isto se manifestava mais com o avançar dos minutos e com a aproximação da minha hora de saída, que seria a saída definitiva. Não sei se foi devido a tudo isto, se foi devido àquilo que esse meu colega me disse, se foi por ter sido dito por aquele colega em específico – que eu, em tempos, considerara um amigo – ou se foi por tudo isto ao mesmo tempo, mas a verdade é que, mal eu ouvi aquelas palavras, as lágrimas vieram-me aos olhos. Porque também me comecei a perguntar como é que a vida poderia ser como eu queria, quando nem eu própria sabia como eu queria que ela fosse.

Posso nunca ter sabido o que queria, mas posso dizer que sempre soube o que não queria. E acho que isto foi meio caminho andado para tudo o que se passou e para tudo o que acabei por decidir durante os últimos meses.

Quando deixei aquele ambiente tóxico para trás, parece que tudo se começou a querer compor, embora muito devagarinho. Não foi – nem eu esperava que assim fosse – de um dia para o outro. Levei um dia de cada vez, tentando, a cada dia, dar mais um passinho, por mais pequenino que fosse, na direcção da vida como eu queria que ela fosse. Passinhos na descoberta de mim mesma, na aceitação da pessoa que sou, na conquista da esperança e do positivismo. Passinhos que dava por mim mesma ou acompanhada por quem eu quis que me ajudasse e estivesse ao meu e do meu lado. Investi em mim própria e fi-lo com calma e tentando, ao máximo e com uma grande dificuldade, é certo, ignorar a pressão que parecia abater-se sobre mim, de vez em quando. Porque eu sabia que não seria fácil e que as coisas não se resolveriam de um dia para o outro.

Todo este processo fez com que eu ganhasse uma maior certeza em relação às coisas que não queria para a vida, como se estas se tivessem tornado cada vez mais vincadas, como Nãos bem firmes. E, por conseguinte, fez com que pensasse melhor no que queria para mim. Tornou-me focada e motivada e fez-me definir objectivos e adquirir uma pequena dose de esperança e de confiança. Tanto que, se tudo correr bem, irei sair da minha zona de conforto durante o novo ano que se avizinha.

Aprendi duas grandes coisas com tudo isto.

A primeira: as pessoas conseguem ser malvadas. Mesmo que não o façam de propósito e mesmo que nem saibam que o estão a ser. Malvadas porque lançam os seus bitaites, porque dão as suas sugestões, porque não compreendem ou porque pura e simplesmente não suportam ver-me como estou. A verdade é que me sinto mais tranquila e motivada e fiz mais e investi mais e estimulei muito mais o meu cérebro nestes poucos meses do que em todo o ano de 2017 e na primeira metade de 2018. A verdade é que todos os bitaites e sugestões parecem abalar a minha recente confiança e motivação que eu demorei tanto tempo e me esforcei tanto a construir – e que permanecem em constante construção. A verdade é que queria que todas essas opiniões malvadas – que as pessoas dão sem a intenção de serem malvadas, é certo – me passassem ao lado e não me afectassem minimamente. Preferia que me perguntassem se estou bem e se me sinto bem, em vez de perguntarem se já arranjei trabalho e outras coisas que tais. Mas tudo bem. Até porque tenho alguns objectivos em mente. E, se houve outra coisa que aprendi, foi que as pessoas não precisam de compreender. Esforcei-me por explicar os meus motivos e para fazê-las compreender o que me ia na mente e na alma, mas percebi que não valia a pena. Acho que importa, somente, que eu esteja ciente das coisas e de bem com a minha consciência. O que os outros possam pensar é irrelevante. Especialmente quando sei que tenho pessoas do meu lado.

O que me leva à segunda coisa que aprendi: que nós somos, de facto, capazes de tudo. Podemos não nos aperceber disso, principalmente se estivermos sozinhos. Mas, ao contrário das pessoas malvadas, existem aquelas que nos fazem ver estas coisas. Que fazem com que acreditemos em nós, que nos tranquilizam, que nos apoiam. Que percebem que foi necessário abandonar um ambiente tóxico para começar a reencontrar-me. Pessoas assim, quer eu conheça e fale com elas pessoalmente, quer eu não conheça e apenas leia os seus pensamentos e ideais em livros ou em publicações em blogs ou no Instagram, ajudam-me, todos os dias e sem elas sequer imaginarem, a construir esta motivação, esta esperança e confiança que eu há muito desejava para mim. Um pedacinho de cada vez. E isto, por seu turno, faz-me crer que, realmente, somos capazes de fazer tudo aquilo a que nos propusermos. Tudo para estarmos cada vez mais próximos da vida que queremos.

Tal como é dito vezes sem conta num livro de auto-ajuda que estou a ler agora – juro que não sei o que se anda a passar comigo para ler este tipo de livros; isto era impensável até há bem poucos meses, pois sempre detestei livros deste género –, a partir do momento em que passamos a tomar decisões por nós mesmos, a abandonar o que nos faz mal e a comprometermo-nos a aceitar quem somos e a gostar de quem somos, começamos a criar a nossa melhor versão. E sermos a nossa melhor versão faz-nos ser melhores, não só para nós próprios, mas também para os outros e para o mundo. Confesso que estou a gostar desta filosofia, mesmo que, se virmos bem, já faça parte do senso comum. O que muita gente, no entanto, não sabe e/ou não compreende – e, muitas vezes, nem sequer quer compreender – é que este caminho, para além de moroso, pode implicar uma rota inesperada ou fora do comum. Pode ser necessário dar um ou mais passos atrás, de forma a poder-se andar em frente. Mas, seja como for, acho que, no fim, irá sempre valer a pena.

12/12/18

Coisas que mudaram em mim #4


Comecei a gostar de me ver com óculos

Eu e óculos sempre tivemos uma relação complicada. Eu detestava-os por motivos óbvios: sentia-me feia e era alvo de troça. E eles, aparentemente, detestavam-me a mim, pois sempre foi – e ainda continua a ser – raro encontrar algum modelo que me assente e me favoreça minimamente – é a desvantagem de ter um rosto pequenino: a grande maioria dos modelos de óculos parece que me ocupa praticamente a cara toda.

Comecei a usar óculos quando tinha sete anos. Nessa altura, usar óculos não era assim tão comum entre as crianças, para além de que não existiam os modelos giros e modernos de hoje. Daí o facto de ser alvo de troça, e daí a razão de me sentir feia, uma vez que sempre me senti melhor sem eles. Até hoje, apenas gostei verdadeiramente de um dos meus óculos, que foram os que usei ao longo do secundário. Depois disso, partiram-se total e misteriosamente – mas as lentes mantiveram-se intactas; ainda hoje me pergunto como raio isso aconteceu –, e, como consequência, tive que arranjar outros como que “à pressão”, pois precisava de uns com a máxima urgência. Resultado: tive que me sujeitar aos poucos modelos que me apresentaram e tive que escolher à pressa. Quis que fossem o mais parecidos possível aos que se tinham partido, e assim foi. Mas, apesar de mais ou menos parecidos, não eram tão giros. No entanto, lá tive que me sujeitar.

Foi nesse ano que ganhei coragem e meti na cabeça que queria experimentar lentes de contacto. Apesar de ainda não estar cem por cento segura assim que entrei no consultório para a consulta de rotina, estava mesmo determinada a experimentar, pois, geralmente, quando meto uma coisa na cabeça, vou até ao fim.

Quis mudar para lentes de contacto por uma questão de auto-estima, e a verdade é que resultou e que elas fizeram milagres à minha baixa auto-confiança em relação à minha imagem, que tinha sido tão denegrida e posta para baixo ao longo dos anos, pelos estúpidos dos miúdos que resolviam troçar e dizer mal de mais uma “caixa d'óculos”. A adaptação não foi difícil, senti-me muito melhor comigo mesma e até fiquei toda contente por, finalmente, poder começar a usar óculos de sol.

É claro que quem usa lentes de contacto tem que usar óculos de qualquer maneira, e eu só os usava em casa ou quando tinha que ir a algum lado e não ia demorar nada – e, nesse caso, só desejava não me cruzar com algum conhecido. Continuava a não gostar deles; ainda para mais, depois começaram a surgir os óculos de massa, que eram bem mais giros e modernos e davam um ar mais jovem à pessoa, como se, de repente, usar óculos passasse a ser “fixe”. E os meus, em contrapartida, ainda eram “antiguinhos”.

No final do ano passado, a minha graduação aumentou, quando eu julgava estar estabilizada. Decepção, portanto. Mas, uma vez que necessitaria de lentes novas, resolvi aproveitar para adquirir também umas armações novas, de preferência umas giras de massa. Foi outra coisa que meti na cabeça: comprar uns óculos dos quais gostasse mesmo, para que não tivesse problema nenhum em usá-los fora de casa, quando não me apetecesse usar lentes, quando não me fosse demorar ou por outro motivo qualquer.

E, bem, se meti na cabeça, não desisti até conseguir. Surgiram alguns atritos: a maioria dos modelos era grande demais para o meu rosto; as minhas lentes eram muito fortes e grossas e, mesmo com a espessura mais reduzida, não poderiam ser encaixadas em qualquer modelo; depois era o factor preço, enfim. Mas lá consegui. E finalmente tenho uns óculos dos quais gosto realmente e com os quais, pela primeira vez na vida, não me sinto feia, a ponto de usá-los fora de casa sem qualquer problema – embora, claro, continue a preferir as lentes.

Noto, agora, que os óculos de massa parecem estar a desaparecer e que estão a ser substituídos novamente pelos modelos mais finos a que gosto de chamar de “antiguinhos”, nos quais os meus anteriores – todos eles – se incluem. Estou agora, portanto, fora de moda – outra vez – em questão de óculos, mas, honestamente, não me importo nada. Finalmente encontrei uns óculos que me assentam minimamente bem, com que me sinto bem e de que gosto, e não troco as minhas armações de massa por nenhuma outra.

08/12/18

Coisas boas do mês - Novembro de 2018

Via We Heart It.

Novembro passou demasiado rápido...ou será que foi só de mim?

06/12/18

Por que não falo do Natal


Não falo sobre o Natal porque não estou entusiasmada com isso.

E podia terminar esta publicação já aqui, mas não gosto de ficar com coisas por dizer, com receio de vir a ser mal interpretada ou incompreendida. É verdade que a última coisa que quero é voltar a tornar um blog meu num cantinho triste e deprimente, mas, às vezes, não dá para deixar de escrever sobre coisas menos felizes (prometo que não será sempre assim).

As coisas estão diferentes. Demasiado diferentes, na verdade, e tudo parece ter mudado para pior.

Eu adorava o Natal. Especialmente porque estava longe. Quando era Natal, era altura de regressar a casa. Costumava ficar tão contente quando via os primeiros anúncios de Natal na televisão e quando surgiam as primeiras luzes natalícias nas ruas. Era sinal de que estava quase a regressar, e fazer a mala para a viagem trazia-me uma felicidade indescritível. Era tão bom regressar a casa, à família, às pessoas de quem mais gostava, ao calor e ao conforto – e às comidas mais deliciosas. Era a altura de matar as saudades que me apertavam o coração desde o final do Verão.

No entanto, o Natal parece ter perdido o seu encanto por, simplesmente, já não existir este acto de regressar. Não apenas por isso, mas também por membros cruciais da minha família já não estarem presentes. Devido a estes dois motivos, o Natal passou a ser apenas mais uma data para mim. É como se já não me trouxesse calor e conforto, nem paz, nem grande entusiasmo.

Chega a dar-me uma certa tristeza, na verdade. Por tudo ser tão diferente agora. Os convívios em família parecem quase forçados, como se houvesse a obrigação de estarmos juntos apenas por ser Natal, quando, na verdade, nem tínhamos grande vontade de nos ver. Parece que existe aquela necessidade de se pintar o quadro da família feliz nesta época. Todo o consumismo acaba por me deixar triste também, como se fosse necessário dar um grande número de presentes para se demonstrar o quanto se gosta de uma pessoa. Aliás, parece que oferecer presentes é quase como uma obrigação também. E, por vezes, parece até que existe uma competição entre pessoas, para ver quem recebeu mais e quem teve os presentes mais caros.

Eu gostava de receber coisas que não bens materiais. Gostava que o Natal não fosse uma época quase de obrigações – obrigação de comprar presentes, obrigação de ver familiares que não vejo durante o resto do ano, obrigação de estar nos convívios de família com a máscara do está tudo bem e estou contente por estar aqui. Gostava de voltar a sentir paz e tranquilidade, conforto e aquele calorzinho tão bom no coração. Gostava de enfeitar a casa alegremente, em vez de ver o acto de enfeitar como mais uma obrigação, pois a minha vontade não é a de celebrar o que quer que seja. Gostava de estar feliz e tranquila no meu sofá e manta com as luzes da árvore a brilhar junto a mim enquanto tomava um chocolate quente e lia um bom livro, via um filme fofinho ou ficava a jogar na PlayStation durante todo o santo dia, com pausas ao longo do dia para comer coisas boas, como o nosso bolo de Natal (não, não é bolo-rei, é só o melhor bolo à face da Terra). Gostava de estar com as pessoas por gosto, e de ter um grande e genuíno sorriso na cara nessas ocasiões. Caraças, só gostava de me sentir feliz. Que o Natal me fizesse feliz novamente.

Eu só desejo que, um dia, as coisas voltem a ser diferentes, e que, desta vez, a mudança seja para melhor. Entristece-me ver e viver esta época desta forma. Desejo voltar a estar bem e tranquila comigo mesma, para que o espírito natalício volte a inundar-me o coração e para que eu consiga ver felicidade e conforto nesta época que costumava ser tão bonita para mim e que eu costumava adorar. E, com isto, dou por encerradas as minhas publicações sobre o Natal - deste ano, pelo menos.