06/12/18

Por que não falo do Natal


Não falo sobre o Natal porque não estou entusiasmada com isso.

E podia terminar esta publicação já aqui, mas não gosto de ficar com coisas por dizer, com receio de vir a ser mal interpretada ou incompreendida. É verdade que a última coisa que quero é voltar a tornar um blog meu num cantinho triste e deprimente, mas, às vezes, não dá para deixar de escrever sobre coisas menos felizes (prometo que não será sempre assim).

As coisas estão diferentes. Demasiado diferentes, na verdade, e tudo parece ter mudado para pior.

Eu adorava o Natal. Especialmente porque estava longe. Quando era Natal, era altura de regressar a casa. Costumava ficar tão contente quando via os primeiros anúncios de Natal na televisão e quando surgiam as primeiras luzes natalícias nas ruas. Era sinal de que estava quase a regressar, e fazer a mala para a viagem trazia-me uma felicidade indescritível. Era tão bom regressar a casa, à família, às pessoas de quem mais gostava, ao calor e ao conforto – e às comidas mais deliciosas. Era a altura de matar as saudades que me apertavam o coração desde o final do Verão.

No entanto, o Natal parece ter perdido o seu encanto por, simplesmente, já não existir este acto de regressar. Não apenas por isso, mas também por membros cruciais da minha família já não estarem presentes. Devido a estes dois motivos, o Natal passou a ser apenas mais uma data para mim. É como se já não me trouxesse calor e conforto, nem paz, nem grande entusiasmo.

Chega a dar-me uma certa tristeza, na verdade. Por tudo ser tão diferente agora. Os convívios em família parecem quase forçados, como se houvesse a obrigação de estarmos juntos apenas por ser Natal, quando, na verdade, nem tínhamos grande vontade de nos ver. Parece que existe aquela necessidade de se pintar o quadro da família feliz nesta época. Todo o consumismo acaba por me deixar triste também, como se fosse necessário dar um grande número de presentes para se demonstrar o quanto se gosta de uma pessoa. Aliás, parece que oferecer presentes é quase como uma obrigação também. E, por vezes, parece até que existe uma competição entre pessoas, para ver quem recebeu mais e quem teve os presentes mais caros.

Eu gostava de receber coisas que não bens materiais. Gostava que o Natal não fosse uma época quase de obrigações – obrigação de comprar presentes, obrigação de ver familiares que não vejo durante o resto do ano, obrigação de estar nos convívios de família com a máscara do está tudo bem e estou contente por estar aqui. Gostava de voltar a sentir paz e tranquilidade, conforto e aquele calorzinho tão bom no coração. Gostava de enfeitar a casa alegremente, em vez de ver o acto de enfeitar como mais uma obrigação, pois a minha vontade não é a de celebrar o que quer que seja. Gostava de estar feliz e tranquila no meu sofá e manta com as luzes da árvore a brilhar junto a mim enquanto tomava um chocolate quente e lia um bom livro, via um filme fofinho ou ficava a jogar na PlayStation durante todo o santo dia, com pausas ao longo do dia para comer coisas boas, como o nosso bolo de Natal (não, não é bolo-rei, é só o melhor bolo à face da Terra). Gostava de estar com as pessoas por gosto, e de ter um grande e genuíno sorriso na cara nessas ocasiões. Caraças, só gostava de me sentir feliz. Que o Natal me fizesse feliz novamente.

Eu só desejo que, um dia, as coisas voltem a ser diferentes, e que, desta vez, a mudança seja para melhor. Entristece-me ver e viver esta época desta forma. Desejo voltar a estar bem e tranquila comigo mesma, para que o espírito natalício volte a inundar-me o coração e para que eu consiga ver felicidade e conforto nesta época que costumava ser tão bonita para mim e que eu costumava adorar. E, com isto, dou por encerradas as minhas publicações sobre o Natal - deste ano, pelo menos.

2 comentários:

  1. Também gostava que o Natal voltasse a ter a magia de outros anos, de ficar contente por ver os anúncios, as luzes, os presentes... a minha família nunca foi de grandes ajuntamentos e acredito que sejamos mais felizes a celebrar o Natal apenas entre os membros cá de casa mas fica sempre aquela tristeza de saber que podíamos ser muitos mais se as pessoas não fossem tão casmurras... :(

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  2. Acho que é normal termos estas fases, especialmente quando faltam pessoas na nossa mesa. Faz parte e um dia a magia do natal regressa para nós (:

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