Comecei
a gostar de me ver com óculos
Eu
e óculos sempre tivemos uma relação complicada. Eu detestava-os
por motivos óbvios: sentia-me feia e era alvo de troça. E eles,
aparentemente, detestavam-me a mim, pois sempre foi – e ainda
continua a ser – raro encontrar algum modelo que me assente e me
favoreça minimamente – é a desvantagem de ter um rosto pequenino:
a grande maioria dos modelos de óculos parece que me ocupa
praticamente a cara toda.
Comecei
a usar óculos quando tinha sete anos. Nessa altura, usar óculos não
era assim tão comum entre as crianças, para além de que não
existiam os modelos giros e modernos de hoje. Daí o facto de ser
alvo de troça, e daí a razão de me sentir feia, uma vez que sempre
me senti melhor sem eles. Até hoje, apenas gostei verdadeiramente de
um dos meus óculos, que foram os que usei ao longo do secundário.
Depois disso, partiram-se total e misteriosamente – mas as lentes mantiveram-se intactas; ainda hoje me
pergunto como raio isso aconteceu –, e, como consequência, tive
que arranjar outros como que “à pressão”, pois precisava de uns
com a máxima urgência. Resultado: tive que me sujeitar aos poucos
modelos que me apresentaram e tive que escolher à pressa. Quis que
fossem o mais parecidos possível aos que se tinham partido, e assim
foi. Mas, apesar de mais ou menos parecidos, não eram tão giros. No
entanto, lá tive que me sujeitar.
Foi
nesse ano que ganhei coragem e meti na cabeça que queria
experimentar lentes de contacto. Apesar de ainda não estar cem por
cento segura assim que entrei no consultório para a consulta de
rotina, estava mesmo determinada a experimentar, pois, geralmente,
quando meto uma coisa na cabeça, vou até ao fim.
Quis
mudar para lentes de contacto por uma questão de auto-estima, e a
verdade é que resultou e que elas fizeram milagres à minha baixa
auto-confiança em relação à minha imagem, que tinha sido tão
denegrida e posta para baixo ao longo dos anos, pelos estúpidos dos
miúdos que resolviam troçar e dizer mal de mais uma “caixa
d'óculos”. A adaptação não foi difícil, senti-me muito melhor
comigo mesma e até fiquei toda contente por, finalmente, poder
começar a usar óculos de sol.
É
claro que quem usa lentes de contacto tem que usar óculos de
qualquer maneira, e eu só os usava em casa ou quando tinha que ir a
algum lado e não ia demorar nada – e, nesse caso, só desejava não
me cruzar com algum conhecido. Continuava a não gostar deles; ainda
para mais, depois começaram a surgir os óculos de massa, que eram
bem mais giros e modernos e davam um ar mais jovem à pessoa, como
se, de repente, usar óculos passasse a ser “fixe”. E os meus, em
contrapartida, ainda eram “antiguinhos”.
No
final do ano passado, a minha graduação aumentou, quando eu julgava
estar estabilizada. Decepção, portanto. Mas, uma vez que
necessitaria de lentes novas, resolvi aproveitar para adquirir também
umas armações novas, de preferência umas giras de massa. Foi outra
coisa que meti na cabeça: comprar uns óculos dos quais gostasse
mesmo, para que não tivesse problema nenhum em usá-los fora de
casa, quando não me apetecesse usar lentes, quando não me fosse
demorar ou por outro motivo qualquer.
E,
bem, se meti na cabeça, não desisti até conseguir. Surgiram alguns
atritos: a maioria dos modelos era grande demais para o meu rosto; as
minhas lentes eram muito fortes e grossas e, mesmo com a espessura
mais reduzida, não poderiam ser encaixadas em qualquer modelo;
depois era o factor preço, enfim. Mas lá consegui. E finalmente
tenho uns óculos dos quais gosto realmente e com os quais, pela
primeira vez na vida, não me sinto feia, a ponto de usá-los fora de
casa sem qualquer problema – embora, claro, continue a preferir as
lentes.
Noto,
agora, que os óculos de massa parecem estar a desaparecer e que
estão a ser substituídos novamente pelos modelos mais finos a que
gosto de chamar de “antiguinhos”, nos quais os meus anteriores –
todos eles – se incluem. Estou agora, portanto, fora de moda –
outra vez – em questão de óculos, mas, honestamente, não me
importo nada. Finalmente encontrei uns óculos que me assentam
minimamente bem, com que me sinto bem e de que gosto, e não troco as
minhas armações de massa por nenhuma outra.
Antes de ler o teu último parágrafo, ia mesmo dizer-te isso: que andas desencontrada com as modas. Mas que importa? E o que são as modas, se não te fazem sentir bem?
ResponderEliminarEu gosto dos teus óculos, acho que te dão um ar nerdy (num ótimo sentido). Pareces approachable, se é que me entendes e, ao mesmo tempo, pareces uma pessoa séria que sabe o que quer.
Eu uso lentes de contacto e também tenho uns óculos (dos quais já gostei mais). Quero ver se troco em breve.
Um beijinho! :)
Exacto, também acho que não importa nada, as modas não são para todos, ou ninguém é obrigado a segui-las ;)
EliminarAhah so cute xP Por acaso também acho que me dão esse ar nerdy, mas eu gosto :D
Os meus óculos são muito parecidos, mas só preciso deles para descansar a vista quando estou a ler, no pc etc :)
ResponderEliminarBeijinhos, Bom Ano :)
Eu também ando sempre fora de moda porque só mudo de óculos quando tem mesmo de ser, ando sempre anos e anos com a mesma armação xD
ResponderEliminarMas também só uso em casa e na praia, de resto ando de lentes por isso seria um desperdício mudar mais vezes.