No
meu último dia de trabalho, um colega disse-me algo como Um dia a
tua vida vai ser exactamente como queres. Eu já estava com as
emoções à flor da pele nesse dia; tanto estava triste como
apática, mas estava, também, nervosa e aterrorizada, a questionar
pela milésima vez aquela decisão tão importante. E tudo isto se
manifestava mais com o avançar dos minutos e com a aproximação da
minha hora de saída, que seria a saída definitiva. Não sei se foi
devido a tudo isto, se foi devido àquilo que esse meu colega me
disse, se foi por ter sido dito por aquele colega em específico –
que eu, em tempos, considerara um amigo – ou se foi por tudo isto
ao mesmo tempo, mas a verdade é que, mal eu ouvi aquelas palavras,
as lágrimas vieram-me aos olhos. Porque também me comecei a
perguntar como é que a vida poderia ser como eu queria, quando nem
eu própria sabia como eu queria que ela fosse.
Posso
nunca ter sabido o que queria, mas posso dizer que sempre soube o que
não queria. E acho que isto foi meio caminho andado para tudo
o que se passou e para tudo o que acabei por decidir durante os
últimos meses.
Quando
deixei aquele ambiente tóxico para trás, parece que tudo se começou
a querer compor, embora muito devagarinho. Não foi – nem eu
esperava que assim fosse – de um dia para o outro. Levei um dia de
cada vez, tentando, a cada dia, dar mais um passinho, por mais
pequenino que fosse, na direcção da vida como eu queria que ela
fosse. Passinhos na descoberta de mim mesma, na aceitação da
pessoa que sou, na conquista da esperança e do positivismo.
Passinhos que dava por mim mesma ou acompanhada por quem eu quis que
me ajudasse e estivesse ao meu e do meu lado. Investi em mim própria
e fi-lo com calma e tentando, ao máximo e com uma grande
dificuldade, é certo, ignorar a pressão que parecia abater-se sobre
mim, de vez em quando. Porque eu sabia que não seria fácil e que as
coisas não se resolveriam de um dia para o outro.
Todo
este processo fez com que eu ganhasse uma maior certeza em relação
às coisas que não queria para a vida, como se estas se tivessem
tornado cada vez mais vincadas, como Nãos bem firmes. E, por
conseguinte, fez com que pensasse melhor no que queria para mim.
Tornou-me focada e motivada e fez-me definir objectivos e adquirir
uma pequena dose de esperança e de confiança. Tanto que, se tudo
correr bem, irei sair da minha zona de conforto durante o novo ano
que se avizinha.
Aprendi
duas grandes coisas com tudo isto.
A
primeira: as pessoas conseguem ser malvadas. Mesmo que não o façam
de propósito e mesmo que nem saibam que o estão a ser. Malvadas
porque lançam os seus bitaites, porque dão as suas
sugestões, porque não compreendem ou porque pura e simplesmente não
suportam ver-me como estou. A verdade é que me sinto mais tranquila
e motivada e fiz mais e investi mais e estimulei muito mais o meu
cérebro nestes poucos meses do que em todo o ano de 2017 e na
primeira metade de 2018. A verdade é que todos os bitaites e
sugestões parecem abalar a minha recente confiança e motivação
que eu demorei tanto tempo e me esforcei tanto a construir – e que
permanecem em constante construção. A verdade é que queria que
todas essas opiniões malvadas – que as pessoas dão sem a intenção
de serem malvadas, é certo – me passassem ao lado e não me
afectassem minimamente. Preferia que me perguntassem se estou bem e
se me sinto bem, em vez de perguntarem se já arranjei trabalho e
outras coisas que tais. Mas tudo bem. Até porque tenho alguns
objectivos em mente. E, se houve outra coisa que aprendi, foi que as
pessoas não precisam de compreender. Esforcei-me por explicar os
meus motivos e para fazê-las compreender o que me ia na mente e na
alma, mas percebi que não valia a pena. Acho que importa, somente,
que eu esteja ciente das coisas e de bem com a minha consciência. O
que os outros possam pensar é irrelevante. Especialmente quando sei
que tenho pessoas do meu lado.
O
que me leva à segunda coisa que aprendi: que nós somos, de facto, capazes de tudo. Podemos não nos aperceber disso, principalmente
se estivermos sozinhos. Mas, ao contrário das pessoas malvadas,
existem aquelas que nos fazem ver estas coisas. Que fazem com que
acreditemos em nós, que nos tranquilizam, que nos apoiam. Que
percebem que foi necessário abandonar um ambiente tóxico para
começar a reencontrar-me. Pessoas assim, quer eu conheça e fale com
elas pessoalmente, quer eu não conheça e apenas leia os seus
pensamentos e ideais em livros ou em publicações em blogs ou no
Instagram, ajudam-me, todos os dias e sem elas sequer imaginarem, a
construir esta motivação, esta esperança e confiança que eu há
muito desejava para mim. Um pedacinho de cada vez. E isto, por seu
turno, faz-me crer que, realmente, somos capazes de fazer tudo aquilo
a que nos propusermos. Tudo para estarmos cada vez mais próximos da
vida que queremos.
Tal
como é dito vezes sem conta num livro de auto-ajuda que estou a ler
agora – juro que não sei o que se anda a passar comigo para ler
este tipo de livros; isto era impensável até há bem poucos meses,
pois sempre detestei livros deste género –, a partir do momento em
que passamos a tomar decisões por nós mesmos, a abandonar o que nos
faz mal e a comprometermo-nos a aceitar quem somos e a gostar de quem
somos, começamos a criar a nossa melhor versão. E sermos a nossa
melhor versão faz-nos ser melhores, não só para nós próprios,
mas também para os outros e para o mundo. Confesso que estou a
gostar desta filosofia, mesmo que, se virmos bem, já faça parte do
senso comum. O que muita gente, no entanto, não sabe e/ou não
compreende – e, muitas vezes, nem sequer quer compreender – é
que este caminho, para além de moroso, pode implicar uma rota
inesperada ou fora do comum. Pode ser necessário dar um ou mais
passos atrás, de forma a poder-se andar em frente. Mas, seja como
for, acho que, no fim, irá sempre valer a pena.
Lembro-me de te ler e falar contigo e como estavas triste e insegura da tua decisão, do rumo (ou falta dele) da tua vida e ler isto e saber que estás no caminho que queres deixa-me muito feliz. Que este ano seja o início de uma fase fantástica na tua vida ♥
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