Sinopse:
Numa terra em que a magia foi banida e em
que o rei governa com mão de ferro, uma assassina é chamada ao castelo. Ela
vai, não para matar o rei, mas para conquistara sua própria liberdade. Se
derrotar os vinte e três oponentes em competição, será libertada da prisão para
servir a Coroa com o estatuto de campeão do rei - o assassino do rei. O seu
nome é Celaena Sardothien. O príncipe herdeiro vai provocá-la. O capitão da
Guarda vai protegê-la. Mas um halo maléfico vagueia no castelo de vidro - e
está lá para matar. Quando os seus concorrentes começam a morrer um a um, a
luta de Celaena pela liberdade torna-se numa luta pela sobrevivência e numa
jornada inesperada para expor um mal antes de que este destrua o seu mundo.
Li
este livro de uma assentada e era sempre muito difícil parar. Já há algum tempo
que um livro não me agarrava dessa maneira. Achei-o altamente viciante. Tanto o
enredo como as personagens são tão cativantes e interessantes.
Sabem
aquela frase que se diz, I have this thing
with…? Pois bem, no que toca a livros, eu tenho uma thing com enredos inseridos numa época algo medieval, onde existem
castelos e reis, onde se fazem aqueles jogos de alianças pelo poder e pela
conquista de terras e construção de impérios; com aquelas intrigas típicas da
vida na corte, enredos da realeza, os bailes e tudo mais. Acho verdadeiramente
encantador e fascina-me mais do que mundos futuristas e distópicos – embora também
goste deles. É verdade que estes não são os aspectos centrais da história, mas
fazem parte dela. Para além disso, tenho também uma thing com livros com mapas, algo que também está incluído neste.
Através
da sinopse, acho que se torna fácil perceber o desfecho da competição, mas isto
não torna o livro em algo cliché,
previsível e aborrecido. Muito pelo contrário. Apesar de a competição ser o
foco central, há tanto mais a entrar em cena e a enriquecer de forma
maravilhosa esta história. Até porque várias das provas da referida competição
nem sequer são descritas, sendo apenas feita uma breve referência, o que, na
minha opinião, contribuiu para uma leitura mais fluida e interessante e menos
maçadora. Assim, para além da competição, temos também a questão do mal que
vagueia pelo castelo, um mistério em lugares secretos desse mesmo castelo e as
riquíssimas interacções entre as personagens: as intrigas, as desconfianças, as
amizades que se vão construindo e, como não podia deixar de ser, uma pitada de
romance.
As
personagens estão tão bem construídas, e o mesmo se pode dizer das relações e
interacções entre elas: nada parece irreal ou forçado. O livro é narrado na
perspectiva não só de Celaena, a protagonista, como também na de outras
personagens. É algo que eu também adoro nos livros – outro aspecto pelos quais
tenho uma thing –, pois acho que os
enriquece muito mais e, graças a isso, passamos a conhecer melhor as outras
personagens, chegando, até, a criar empatia por elas.
Celaena
é uma personagem incrível, e é praticamente impossível não lhe ficarmos
rendidos logo no início. É sarcástica, muito inteligente e tão segura de si –
ela sabe que é a melhor e não tem receio nenhum em dizê-lo. Era de esperar que
uma assassina fosse uma pessoa fria, insensível e fora de alcance, sem
paciência para joguinhos e sem vontade de criar laços com quem quer que fosse,
mas não é esse o caso. Apesar de ter o seu objectivo tão claro e de estar tão
determinada em vencer para ter a sua liberdade, não consegue ficar indiferente
ao que a rodeia. Ela é forte, segura e corajosa, e tem o sangue-frio que seria
esperado, mas é, também, tão humana. Com o virar das páginas vemos que é tão
humana quanto nós: gosta de ler, de animais, de música, de roupas. Apesar de
ter passado um ano como escrava, continua a ser capaz de sorrir.
A
escrita de Sarah J. Maas é tão, tão boa, muito fluida e rica. Esta foi das
poucas vezes – até agora penso que só me aconteceu com dois livros – que li um
livro de fantasia Young Adult escrito
por uma mulher na terceira pessoa. E esta foi outra das grandes lufadas de ar
fresco deste livro. Também gosto muito de ler na primeira pessoa; aliás, não
tenho preferência, sequer. Mas foi bom variar um pouco, pois parece que as
escritoras têm sempre esta tendência de escrever na primeira pessoa. Nem sei se
este pode ser considerado um Young Adult,
a não ser pelo facto de a protagonista ser uma adolescente. Mas isto é algo que
até nos esquecemos, dada a sua grande maturidade. Acho que a tradução do livro
pecou um pouco no que diz respeito aos diálogos, pois muitas das vezes estes
eram precedidos apenas por “disse”, sem um “ele” ou “ela” a seguir, o que
tornava difícil perceber quem tinha dito determinada fala. Mas, tirando este
pormenor, tudo estava perfeito: natural, fluido, detalhado sem cair naquela
exaustão das descrições longas – mas que eu, pessoalmente, gosto – e muito
fácil de ler. Os diálogos, em particular, acabam por ser bastante divertidos.
Mesmo
quando o livro termina, quis continuar a ler, quis ler mais. Até porque existem
algumas pontas soltas ao longo da história, nomeadamente personagens cujos
nomes são mencionados e às quais é feita uma referência breve, deixando-me com
a sensação de que existirá mais por revelar acerca delas. Bem como um diálogo
perto do final do livro que traz uma revelação interessante, deixando-nos com
aquele bichinho de querer saber mais e de querer saber o que acontecerá a
seguir. Existe, ainda, a menção à magia – um outro elemento que me fascina nos
livros – algo que certamente será também aprofundado nos próximos volumes da
saga. E, no que toca às personagens que demonstram interesse pela protagonista,
o príncipe Dorian e o capitão Chaol Westfall, eu sou team Dorian, embora também nutra um carinho especial pelo Chaol e
tenha a sensação de que algo ainda vai acontecer entre ele e Celaena. Portanto,
este é outro aspecto que também me desperta curiosidade.
Já
notei que, até agora, apenas foi publicado em português o segundo volume da
saga, e isto em 2016. Tudo leva a crer, por isso, que não traduzirão os restantes
livros – que já foram lançados –, o que, para além de irritante – detesto quando
as editoras fazem isso! Não é como uma falta de respeito para com os
leitores/fãs?! –, é triste. É muito triste ler apenas dois livros, de uma saga
que tem tudo para ser incrível, na nossa língua portuguesa, e ter que ser “obrigada”
a ler os restantes em português do Brasil, ou em inglês.
Eu
acho, sim, que esta saga promete. E, mesmo com este contratempo, recomendo
vivamente este livro a amantes de fantasia. Entrou para os meus preferidos.
Adorei, adorei, adorei.
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