13/09/20

Letters by Rachel #4 - Encomendas e orçamentos

Em Julho, fui contactada por uma seguidora da minha página. Disse que adorava o meu trabalho e que gostaria de oferecer uma caixa personalizada por mim a uma amiga que estava grávida. Perguntou-me se eu aceitava encomendas.

Fiquei sem saber o que dizer. Por um lado, era óbvio que queria aceitar encomendas e fazer produtos personalizados para outras pessoas – era o meu grande objectivo! Mas, por outro, eu nunca tinha feito aquilo antes. Não sabia se os meus produtos podiam já ser considerados dignos de serem vendidos. Achava que tinha muito mais a aprender e a aperfeiçoar antes de tornar a questão das encomendas algo “oficial”. Era como se eu estivesse à espera de um “momento perfeito” inexistente para anunciar que estava a aceitar encomendas e que estava pronta a colocar o meu trabalho no mundo, fora das minhas portas. Percebi o quanto estava a ser tola ao pensar nestes entraves, e aceitei. Fiz a caixa com todo o gosto, demorando todo o tempo que foi necessário, mantendo a moça – a minha primeira cliente! – a par de todo o processo; gostei bastante de fazer a caixa, de ver o resultado final e de saber que, tanto ela como a amiga, tinham-na adorado. 

Este primeiro pedido foi como que um “empurrão” para não continuar à espera de um momento perfeito em que eu pense que já aprendi, pratiquei e aperfeiçoei o suficiente e que considere o meu trabalho digno de ser mostrado e vendido. Porque, na verdade, eu continuarei sempre a aprender, a melhorar e a evoluir. Eu sei que farei melhores trabalhos com o passar dos anos. A evolução é algo constante. Por isso, não faz sentido continuar a adiar, e este pedido, este “empurrão”, deu-me uma certa confiança para arriscar e ver no que isto vai dar. 

Assim sendo…estou, oficialmente, a aceitar encomendas!

E como funcionam? 

12/09/20

Letters by Rachel #3 - O projecto

Através de um curso online, aprendi o básico dos básicos acerca do lettering. Aprendi, entre outras coisas, as regras principais, a montar uma composição e a começar a usar materiais dos quais nunca tinha ouvido falar antes: os marcadores caligráficos e as brushpens. Ao longo do curso, comecei a entusiasmar-me cada vez mais, e a alegria de desenhar regressou. Foi como se me tivesse reencontrado após um longo período tão negro.

Depois de terminar, comecei a criar as minhas primeiras composições – os meus primeiros letterings –, e uns dois meses depois, ganhei força e coragem para criar a minha página no Instagram dedicada a estes meus trabalhos. Criei a página para mostrar os trabalhos e divulgar o que começara recentemente a aprender e a fazer, mas, para além disso, eu tinha um objectivo muito maior e mais ambicioso. Eu fora inspirada pelas tais artistas brasileiras, e queria ser assim, como elas, ganhando a vida com a minha arte. 

Lettering não é apenas quadros. Se virmos bem, frases inspiradoras desenhadas com letras bonitas e trabalhadas, combinadas para criar um resultado harmonioso, equilibrado e atractivo, estão presentes em todo o lado. Quadros, canecas, caixas de madeira, peças de roupa, tote bags e até mesmo paredes são apenas alguns exemplos. As oportunidades de negócio são imensas, e, como me encontrava desempregada, isso também me motivou. 

11/09/20

Letters by Rachel #2 - A inspiração

Nunca tinha ouvido o termo lettering na minha vida, nem sabia que fazer um desenho apenas com uma frase era algo legítimo, apesar de a frase ter letras bonitas e coloridas e de, no seu todo, criar um resultado harmonioso. Não sabia, sequer, que existiam tantas pessoas que se dedicavam a essa arte – a arte de desenhar letras. Eu apenas tinha visto imagens destas “frases desenhadas”, e foi isso que o meu subconsciente foi buscar quando comecei a desenhar para expressar os meus sentimentos, em 2016/2017.

Deparei-me com a palavra lettering pela primeira vez no Instagram, quando conheci as páginas de algumas artistas brasileiras cujas fotos eram apenas dos seus trabalhos: frases desenhadas, de uma forma tão bonita e com cores e padrões que combinavam tão bem entre si, que criavam um resultado tão harmonioso e apelativo. Foram elas que, de alguma forma, chegaram ao meu perfil e me enviaram pedidos para seguir – apenas para promoverem a sua página, percebi um tempo depois –, e eu, depois de entrar nas páginas delas para ver quem eram, fiquei encantada com o que faziam e não resisti em segui-las. 

O lettering é, de facto, a arte de desenhar letras, e de combinar e dispor diferentes letras e palavras de uma forma coerente, harmoniosa e com sentido, para transmitir uma mensagem e/ou chamar a atenção. Essas artistas que eu segui e que se dedicavam a essa arte faziam sobretudo quadros, à mão ou num meio digital, e vendiam-nos. Ou então apenas desenhavam frases nos seus cadernos. Seja como for, criavam uma peça de decoração unicamente composta por letras e palavras – que actualmente se vê imenso por aí –, coisa que eu achei fascinante. Afinal, pensei, viver da arte não implica fazer quadros abstractos ou desenhos realistas que mais parecem fotografias. 

Eu olhava para os trabalhos dessas artistas e pensava no quanto gostaria de saber fazer algo assim. Pensando, erradamente, que tinha apenas que ver com dom e com “jeito”, que não existiam regras para fazer aquele tipo de trabalho, que não existiam, sequer, cursos para aprender aquilo. Mas não fiz nada para tentar, nem pesquisei sobre o assunto. Até ao dia em que vi um vídeo de uma dessas artistas, acerca de motivação, em que ela perguntava algo do género Qual é o teu objectivo? Ser o maior artista de lettering da tua região?. Só aí se acendeu uma luzinha na minha cabeça, especialmente depois de me ter apercebido, através delas, a quantidade de oportunidades de negócio que o lettering podia oferecer. No dia a seguir, estava a pesquisar sobre cursos de lettering.

10/09/20

Letters by Rachel #1 - A arte esteve sempre presente

As actividades criativas sempre estiveram presentes na minha vida desde a infância. Quando era criança, desenhava. Quando aprendi a escrever textos, enchi cadernos com histórias. Acabei por juntar as duas coisas e fazer, num mesmo caderno, desenhos alusivos às histórias que criava. Com o passar dos anos, de tanto estarem presentes e de eu investir tanto tempo neles, o desenho e a escrita tornaram-se nas minhas grandes paixões. Passava horas sozinha, a desenhar ou a escrever, e adorava cada segundo, mesmo que me achassem estranha por passar tanto tempo no meu canto ou por gostar de estar sozinha ou em casa. Tudo o que aprendi, foi por mim mesma. A partir de certa altura, porém, uma destas artes acabou por se destacar mais, e eu acabei por lhe dar mais atenção, deixando a outra para segundo plano e para “de vez em quando”. A escrita tornou-se mais empolgante e mais importante para mim, até porque eu começava a encarar o desenho como uma actividade “de criança”. 

Assim, quando eu ouvia a pergunta de que, se o dinheiro não fosse importante e eu pudesse ser ou fazer o que quisesse, eu sempre respondia – para dentro, pois tinha receio da opinião dos outros caso o proferisse em voz alta – que seria escritora. Agora, no entanto, acho que responderia outra coisa. 

Apesar de já não o fazer com grande frequência – ou, melhor dizendo, de o fazer raramente –, continuo a adorar escrever. Continuo a adorar inventar histórias e criar mundos. Mas…até que ponto as minhas ideias e os meus mundos imaginários dariam bons livros? 

06/09/20

Um mês de recomeços

Perco a conta às pessoas que dizem que Setembro é um mês de recomeços e que gostam imenso deste mês precisamente por isso. Por um lado, acho bonito. Houve a pausa do verão para recarregar baterias, e agora é hora de recomeçar, regressar às rotinas, arregaçar as mangas. Por outro lado, chateia-me e deixa-me algo triste. 

Na verdade, eu nunca gostei de Setembro, precisamente por ser um mês de recomeços e de volta à rotina. Como se eu quisesse que as férias de verão durassem para sempre. Porque era das alturas do ano em que me sentia mais feliz: não sentia pressões, não tinha obrigações, passava mais tempo sozinha a fazer o que mais gostava, não tinha que agradar ninguém nem fingir o que quer que fosse, sentia-me confortável. Regressar à escola e, posteriormente, à universidade, causava-me sempre uma enorme ansiedade por diversos motivos. E, nos últimos anos, Setembro era apenas mais um mês de trabalho como outro qualquer. A questão dos recomeços e do regresso à rotina deixou de se aplicar. 

01/09/20

Agosto

Agosto foi um mês diferente, no sentido em que soube, realmente, a verão. Permiti-me relaxar, colocar o stress e a ansiedade em pausa e desfrutar. 

Fui, finalmente, à praia e mergulhei no mar pela primeira vez este ano – sim, foi só em Agosto…nunca, em toda a minha vida, o primeiro banho de mar do ano tinha sido tão tarde! Eu convenci-me de que estava cansada de praia, mas acho que a verdade é que já não me lembrava do quanto gostava de mergulhar no mar e da sensação tão boa de leveza e liberdade que ele me traz. Mergulhei no mar não apenas na praia mais próxima de casa, como também noutras praias e noutras zonas balneares que desconhecia e que são autênticos tesouros escondidos, lugares com uma paisagem incrível onde o mar cristalino se encontra com formações rochosas tão bonitas e majestosas, que é como se estivesse noutro país. 

Mas, para mim, verão não se resume a praia, pelo que não faltaram momentos dignos desta altura do ano. Almoços em esplanadas, alguns deles com vista para o mar. Um trilho pedestre. Piqueniques românticos. Leituras no parque da cidade, à sombra das árvores. Um serãozinho em casa de uma amiga. Um cozido à portuguesa em família, tipicamente confeccionado com o calor da terra. Bons e agradáveis convívios. 

O aniversário do R. foi celebrado com uma tarde de piquenique à beira de uma lagoa e com um jantar na pizzaria italiana que conheci no mês passado. E o da minha irmã com uma festa na piscina e um convívio que perdurou. Eu e o R. também passámos juntos o dia em que celebrámos mais um mês de namoro. Foi um dia tão bom. Ele ofereceu-me flores, passeámos de mãos dadas junto a uma lagoa, almoçámos à sombra de uma árvore, pusemos os pés na água – que estava tão apetecível –, tirámos fotografias e fomos um pouco à praia. Fizemos uma caminhada junto ao mar antes e depois do jantar, da praia ao restaurante e vice-versa. A caminhada de regresso soube-me especialmente bem, depois de comer e na frescura da noite. Junto à praia, contemplámos o céu estrelado. Estava tão bonito, sem qualquer nuvem. Acho que nunca tinha visto um céu tão estrelado. 

Para além dos dias e dos momentos dignos de verão, continuei a desenhar. Desleixei-me um bocado na questão do exercício físico, mas as vezes em que o fiz souberam-me mesmo bem. E vi alguns filmes, sendo que os meus preferidos foram Interstellar – que já estava há meses para ver –, The Great Gatsby e Whisper of the Heart

Depois deste mês e de todos estes momentos, concluo que já não me lembrava do quanto gostava do verão. Porque existiram dias mesmo assim, com bom tempo, que me souberam a autênticos dias de verão, autênticos dias de férias, em que não existia qualquer preocupação. Mas, apesar de estar com as baterias recarregadas, com o começo de Setembro sinto novamente o stress e a ansiedade à espreita e a baterem-me à porta de vez em quando…