07/10/18

A rapariga parva que não aprendeu a lição

Esta é a história de uma rapariga parva que não teve uma grande vida amorosa, que acha que vai ficar sozinha para sempre e que ainda não aprendeu a lição.

Quando conheceu o seu actual ex-namorado, a rapariga parva achou-o algo chato, no sentido em que ele raramente a deixava em paz – ora eram comentários no perfil do hi5 (que era o que se usava na altura), ora ele começava a falar com ela assim que ela entrava no Messenger (que também se usava para caraças na altura e que não tem nada a ver com o que usa agora no telemóvel). A rapariga parva não estava habituada a ser alvo de tanta atenção, especialmente por parte de rapazes. Um dia, no meio de um grupinho de amigas e de algumas conhecidas, deu por si a comentar que achava o rapaz chato. Ela achava-o graça e até gostava dele, no fundo, mas não o queria admitir. A rapariga parva também não gostava de falar destas coisas.

Aconteceu que, uns dias mais tarde, uma dessas conhecidas do tal grupinho foi dizer ao rapaz que a rapariga parva o achava chato. O rapaz partiu para outra de uma forma demasiado rápida e inesperada, e a rapariga parva ficou destroçada. Deu por si a sentir falta daquela atenção que ele lhe dava; por outras palavras, deu por si a sentir falta do rapaz a ser, como ela dizia, “chato”. Só nessa altura a rapariga parva se apercebeu do quanto gostava do rapaz, e detestou-se a si própria não apenas por não ter reparado nisso mais cedo, mas também por não ter tido a coragem de o admitir.

Ela tinha a sensação, no entanto, de que o rapaz não gostava assim tanto da nova rapariga, pois achava que ninguém partia para outra de uma forma assim tão rápida e apenas por se ter sentido algo “ofendido” por ter sido chamado de chato. Assim, a rapariga parva continuou a falar com o rapaz como se nada fosse, sempre com a esperança de que as coisas se resolvessem e que o rapaz acabasse por cair em si e se apercebesse de que tinha feito mal em começar a andar com outra de repente. Inclusive, a conversa do “chato” veio à baila, e a rapariga parva fez os possíveis por se explicar.

As coisas acabaram por correr bem para a rapariga parva, no final de contas. Acabaram por ficar juntos. Mas toda aquela chatice podia ter sido evitada se a rapariga parva tivesse sido capaz de identificar os seus sentimentos e de falar sobre eles.

Algum tempo depois de esse namoro ter terminado e depois de ela ter sido magoada demasiado profundamente por um segundo rapaz, a rapariga parva começou a perder a esperança nos rapazes e no amor em geral. Um dia, foi a um jantar de aniversário e conheceu um rapaz que lhe pareceu porreirinho e interessante. Ela, no entanto, não lhe deu grande conversa, por receio e devido a alguma timidez. A rapariga parva nunca foi boa com pessoas que acabava de conhecer.



Ela seguiu-o no Instagram, ele seguiu-a de volta, e as coisas nunca passaram disso – disso e de umas ocasionais trocas de “gostos” em fotografias. A rapariga parva nunca teve coragem de lhe mandar uma mensagem ou de meter conversa, porque isso é algo que ela não faz, por não estar na sua natureza e por achar que esse tipo de coisa só a faz cair no ridículo.

Entretanto, o tempo foi passando e a rapariga parva foi-se desligando do assunto. Outros tipos de problemas começaram a surgir, contudo, e eram coisas bem mais importantes do que rapazes, às quais a rapariga parva teve mesmo que dar atenção.

Resolvidos alguns desses problemas e assuntos, a rapariga parva voltou a pensar que nunca conheceria ninguém interessante e que ficaria sozinha para sempre. Ao mesmo tempo, parecia que o rapaz do jantar de aniversário se tornava cada vez mais interessante devido àquilo que publicava no Instagram. Mas o tempo continuou a passar. E a rapariga parva continuou calada.

E continuará calada, uma vez que, agora, já é tarde para fazer o que quer que seja.

Agora, a rapariga parva culpa-se por não lhe ter mandado alguma mensagem pouco depois do tal jantar de aniversário. Aliás, ainda antes disso, culpa-se de não lhe ter dado conversa naquela noite, pois reconhece a quantidade de oportunidades que teve. Culpa-se por pensar que algo de bom poderia ter resultado caso ela tivesse agido, e por pensar que as coisas, agora, podiam ser bem diferentes. Se ela não fosse aquilo que é: parva e medrosa.

Em sua defesa, a rapariga parva diz que podia ter feito uma figura algo ridícula se tivesse mandado uma mensagem ao rapaz pseudo-interessante ou se tivesse tentado meter conversa. Diz que pode ter sido provável que ele não lhe tivesse achado graça e que se calhar até foi melhor ter ficado quieta. E diz, ainda, que começou a bater mal naquele Verão, pouco depois desse jantar de aniversário, devido a diferentes tipos de stress e ao aparecimento de outros assuntos – mais urgentes – que ela precisou de resolver. Ou seja, diz que, naquela altura, não estava no seu melhor para tentar conhecer alguém – honestamente, ela acha que ainda hoje não está no seu melhor –, e que nem cabeça tinha, naquela altura, para pensar em rapazes.

Resumidamente, a rapariga parva é perita em perder rapazes engraçados para outras raparigas que esses rapazes acabam por conhecer, e perde-os pelo simples facto de ficar calada e de não lhes dizer o que realmente pensa sobre eles.

Para se confortar, a rapariga parva começa a pensar que, provavelmente, aquele não era um rapaz assim tão interessante e romântico como pensou; que, um dia, talvez conheça um rapaz mais porrerinho e mais interessante do que aquele; e que, se as coisas acabaram assim, então foi porque teve que ser assim. Porque até pode ser que, assim, a rapariga parva aprenda a lição de uma vez.

Já deve ter dado para perceber que a rapariga parva da história sou eu mesma. Moral da história: eu devia perder o medo de falar e não devia ficar calada.

6 comentários:

  1. um dia vais conhecer alguem que nao ver ser parvo para ti e que vai apenas querer tomar conta de ti e fazer te a pessoa mais feliz do mundo. :)

    vim conhecer o teu blog porque apesar de te seguir no ig ainda nao te seguia no blog! ;)
    segue-me também se quiseres! beijinhos
    TheNotSoGirlyGirl // Instagram // Facebook

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  2. Se tentasses e corresse mal irias culpar-te de qualquer das formas. Só quem já se magoou muitas vezes neste campo pode compreender o medo que outro alguém sente em avançar para outra depois de ser magoado :(

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  3. R: Como te compreendo, também tenho esse sentimento estranho de não "querer" tratar familiares e preferir desconhecidos!
    Arrisca sem medos, o que tiver de ser será! Tenho a certeza que vais encontrar a tua pessoa!
    Beijinho, Ana Rita*
    BLOG: https://hannamargherita.blogspot.com/ || INSTAGRAM: https://www.instagram.com/rititipi/ || FACEBOOK: https://www.facebook.com/margheritablog/

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  4. Só arriscando tens a hipótese de chegar à pessoa certa ;)
    Pode ser um longo caminho, pode ser um caminho muito difícil mas acredita que não deves ter medo, não vale a pena, arrependimentos não te dão felicidade, por isso segue em frente.
    E, pensa em ti primeiro, nunca deixes de gostar de ti e de pensar em ti primeiro, assim talvez as quedas não custem tanto.
    Força!
    E, só uma coisa, não és parva!
    Beijinho

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    1. Ahah, sinto-me parva porque, olhando para trás, podia realmente ter feito qualquer coisa xD Parece que deixei escapar uma oportunidade, pelo menos é isso que sinto. Isto só a mim xD Mas pronto, bola para a frente :)

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  5. Da próxima vez tens de te lembrar desta publicação xD
    Há-de aparecer alguém não te preocupes. Talvez da próxima vez ele dê o primeiro passo e nessa altura só tens de dar o segundo e não ficares cheia de pensamentos tontos ;)

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