A minha agenda de 2019 foi da Mr. Wonderful. Para além de ser a coisa mais gira e fofa de sempre, é mais do que uma simples agenda, no sentido em que contém alguns “exercícios” para se fazer a cada mês, para nos pôr a pensar um bocadinho. Coisas como uma lista de objectivos para cada mês, coisas que gostávamos de aprender, os livros que gostávamos de ler ou os filmes que queremos ver, enfim. Algo que eu nunca tinha feito, nem numa agenda, nem noutro lado qualquer – nem sequer pensava nisso. E eu, apesar de ter deixado as listas de alguns meses em branco, gostava de pensar no assunto e de ter a agenda bem preenchida, especialmente porque me dava uma sensação de propósito para cada novo mês.
Dezembro é o mês da reflexão e da
retrospectiva. Por isso, é claro que o exercício para este mês é recordar o que
de melhor aconteceu em cada mês do ano. E eu, por mais que tivesse pensado, só
consegui escrever uma coisa nos primeiros três meses. Em Janeiro, o concerto do
Steven Wilson. Em Fevereiro, o facto de ter conhecido o R.. E, em Março, o ter
começado a namorar com ele. É óbvio que, nos meses seguintes, não faltaram bons
momentos entre nós, e é totalmente óbvio que o R. foi o melhor do meu ano. Mas,
tirando ele e esses bons momentos, não encontrei nada de grande impacto e tão
positivo, feliz e gratificante que me tivesse acontecido nos restantes meses.
É que, em Abril, comecei numa
formação que durou até Junho. Depois, trabalhei durante todo o Verão e até
final de Outubro. Em Novembro não se passou nada de tão relevante, e agora, em
Dezembro, cá estamos.
Bem que podia ter escrito na
agenda, nessa questão do melhor que aconteceu em cada mês, o facto de ter
arranjado trabalho e tal. No entanto, para além de ter sido apenas um trabalho
temporário, não foi do meu total agrado, como já falei por aqui.
E, nestas poucas frases, acabei
de resumir todo o meu ano de 2019. O ano em que eu esperava encontrar um
trabalho que não fosse temporário e do qual gostasse e em que achava que ia
começar o meu negócio próprio; um ano de estabilidade, portanto. Porém, pelo
contrário, foi um ano em que saí da zona de conforto. Começou quando me decidi
a encontrar-me com o R. para conhecê-lo pessoalmente, e depois continuou quando
me decidi a ir trabalhar numa área totalmente diferente. Com o R., correu tudo
maravilhosamente; já com o trabalho, não deu certo. No entanto, não deixou de
ser uma experiência. E experiências assim fazem-nos repensar nas coisas e
vê-las de outra forma.
Apesar de, aparentemente, ter
acontecido tão pouco durante este ano, sinto que não sou a mesma pessoa que era
no final do ano passado. Tal como falei na última publicação, estou com uma
postura diferente em relação ao Natal, mas também em relação àquilo que quero
para mim. Sentia-me tão perdida antes, sem saber para onde me virar,
especialmente na altura em que abandonei o meu trabalho. Ter uma infinidade de
possibilidades e de escolhas e não saber que direcção tomar foi algo que me
sufocou e angustiou de uma forma que mal consigo descrever. Agora, vejo-me com
ideias mais fixas, e algumas dessas possibilidades que existem deixaram de ser
hipóteses para mim, porque eu simplesmente não as desejo. Este mês, lutei – e
continuo a lutar até ao final do ano – contra a ansiedade, o stress e a
negatividade, que tanto me atormentam a cabeça por estar novamente
desempregada, com a arma da consciência tranquila por esta ser uma altura em
que ninguém se importa com contratações, a não ser para algum reforço – ou
seja, novamente, trabalhos temporários. E lutei e continuo a lutar contra eles
para que me deixem apreciar e viver o momento, pois não posso fazer nada por agora
para resolver esse problema. Tal como o R. me disse, há que deixar isto e todas
as outras coisas más neste ano que está perto do fim, entrando no novo ano como
que limpa e livre destas coisas negativas.
Assim, tento terminar o ano com
tranquilidade e com a esperança e a fé em como tudo vai ficar bem. E que,
apesar de não ter sido aquele ano em
que tudo iria dar certo e em que todos os planos se iriam realizar e etc., o
próximo ano será melhor. Mesmo que, agora que se está entre o Natal e a
passagem de ano – uma altura que é como que um limbo – sinta a negatividade à
espreita e a apoderar-se de mim de vez em quando. E mesmo que esteja a ver-me
exactamente na mesma situação em que estava no ano passado por esta altura. Talvez
haja alguma lição a tirar disto, mas ainda não descobri ao certo qual é. Só sei
que tenho que acreditar em como as coisas vão melhorar e correr bem, por muito
difícil que isto seja para uma pessimista como eu. Acreditar que, se o meu timing para as coisas darem certo e para
ter a vida estável e resolvida ainda não chegou, então chegará.
E, apesar das coisas que correram
menos bem e que não deram certo, há que me focar numa coisa. Na melhor coisa
que me aconteceu este ano. Posso não ter descoberto o que fazer da minha vida,
nem ter encontrado o emprego de sonho, nem ter feito uma viagem incrível, nem
ter começado a ponderar mudar-me para um apartamento só meu. Mas este ano encontrei
o amor. E este é o melhor presente de todos.