Voltei a acordar cedo
Este era um hábito que já tinha tentado manter antes, mas sem grande sucesso. Corria bem no início, mas depois desleixava-me aos fins-de-semana, e depois num ou noutro dia em que não me apetecia levantar. Inclusive, começava a fazer ronha. Mas, poucos dias depois de o confinamento ter começado, quis retomar este hábito para aproveitar o tempo em casa da melhor forma possível. E ainda hoje continuo a mantê-lo. Agora, até, acordo antes do despertador tocar, e também acordo cedo aos fins-de-semana, sem alarme. Acho mesmo que já nem consigo ficar a fazer ronha na cama. É que nem apetece! Pode ser que, no inverno, a conversa seja outra, mas, por enquanto, só quero acordar cedo para aproveitar o dia da melhor maneira. Acordar cedo, de preferência antes do alarme, deixa-me mais bem-disposta e com mais energia, e tem sido das melhores coisas que tenho feito por mim.
Comecei a gostar de cozinhar
Acreditem quando digo que detestava cozinhar. Detestava! Ora por ser um processo demorado, ora por nunca saber o que devia fazer, ora porque tinha que ter todos os ingredientes em casa e isso implicava ir às compras, ora porque preferia estar a fazer outra coisa qualquer, enfim. Mesmo enquanto estive na universidade, os meus míseros cozinhados resumiam-se a massas, a saladas de atum, a ovos mexidos e a pouco mais. Tudo o que envolvesse o mínimo de tempo e de esforço. O que também incluía, entre outras coisas, comida congelada. Shame on me, I know.
Juro que não sei ao certo o que se passou durante o confinamento, mas comecei a cozinhar e não parei. Experimentei uma ou outra receita nova, saíram bem, eram saborosas, até a minha mãe aprovou. E isso só aumentou a minha confiança. A partir daí, só quis continuar a procurar mais, a descobrir novos pratos e novos sabores.
Reduzi drasticamente o meu consumo de carne
Eu era daquelas pessoas que comia mais carne do que peixe – embora o meu consumo de peixe tenha sido razoável, especialmente nos últimos tempos – e que dizia que nunca seria capaz de deixar de comer carne. Ao mesmo tempo, já há algum tempo que tinha vontade de experimentar pratos vegetarianos e de me aventurar neste tipo de culinária. Isto porque, apesar de tudo, eu sempre gostei – e continuo a gostar – de experimentar novos pratos e novos alimentos.
Isto de reduzir o consumo de carne veio na sequência de começar a gostar de cozinhar. Já há muito que tinha curiosidade em experimentar hambúrgueres de leguminosas. Vi uma receita facílima de hambúrgueres de grão-de-bico e resolvi experimentar. E este foi o gatilho. O gatilho para começar a cozinhar, para procurar novas receitas e para começar a comer alternativas à carne. Não foi nada planeado; aconteceu, simplesmente.
Esta foi apenas a primeira receita. Depois desta, seguiram-se tantas outras. E eu comecei a alternar estas receitas vegetarianas com pratos de peixe e com pratos de carne. Até ao dia em que deixou de se ter carne cá em casa e, por incrível que se pareça, eu não sugeri comprar mais nem sugeri que se fizessem pratos de carne, pois deixei de lhe sentir falta. Isto por ter descoberto um mundo de sabores bem mais fascinante e natural.
Apenas com peixe, com este grande aumento no consumo de legumes e leguminosas e com a descoberta de alternativas vegetais à carne, tenho-me sentido muito mais leve, bem-disposta e motivada a continuar assim. Pode parecer parvo, mas é verdade. Já não me apetece, sequer, comer carne, e até já nem penso nela.
Tornei-me (ainda) mais organizada
Sempre fui uma pessoa organizada, mas a coisa atingiu um outro nível durante o período de confinamento. Acho que o facto de ter tido mais tempo para mim fez com que me organizasse de modo a poder aproveitá-lo; ou seja, de modo a poder fazer tudo aquilo que queria e que, antes, me era difícil fazer. Por falta de tempo.
(Embora a verdade seja que ainda há muito que quero fazer e que ainda não consegui, eheh)
Comecei, então, a planear os meus dias, definindo, por exemplo, dias para fazer exercício e dias para cozinhar. A planear o que podia fazer para que os dias não fossem todos iguais e fossem minimamente equilibrados. Inclusive, tornei-me organizada no que toca às refeições de cá de casa, planeando com antecedência o que cozinhar nos próximos dias. Para que, numa ida às compras, se trouxesse tudo o que seria necessário – e para que não déssemos em doidas sem saber o que fazer para comer. Confesso que, antes, achava isto tão irritante e era apologista de fazer uma coisa qualquer na hora de comer com aquilo que estivesse em casa, de preferência algo rápido. Mas, lá está, nessa altura eu detestava cozinhar e via-me limitada a certos pratos, pois não sabia, nem queria saber, fazer mais nada. Agora, planear as refeições tornou-se sagrado.
Comecei a fazer exercício físico em casa, sozinha…
Nunca gostei de desporto – excepto de natação – nem de fazer exercício físico, pelo que foi um milagre ter encontrado as aulas de pilates e ter gostado delas ao ponto de ser uma aluna assídua e motivada desde meados de 2017. Com toda esta situação, no entanto, as aulas tiveram que ficar em suspenso, e eu vi-me “forçada” a fazê-las em casa. Sozinha, no quarto, sem ninguém à minha volta e sem o instrutor para puxar por mim. Seca.
Eu achava que ia acabar por desistir, porque ia ficar desmotivada por não ser a mesma coisa. A verdade é que, sim, senti-me desmotivada algumas vezes, mas não deixei de fazer exercício. Dizia a mim mesma que tinha que ser, e assim foi. Continua a não ser a mesma coisa e eu continuo a ter saudades das aulas, mas fico contente e surpreendida comigo própria por conseguir fazer exercício em casa, sozinha, por vezes três vezes por semana, durante cerca de uma hora – nem as aulas de pilates duravam uma hora!
…e variei um pouco
Acredito que uma das razões que me deu algum ânimo nesta coisa de fazer exercício sozinha, sem ninguém a guiar-me ou a puxar por mim foi o facto de ter ido mais além do pilates e ter começado com sessões de alongamentos, estiramentos e posições de ioga. Ou seja, ter começado a exercitar-me a um ritmo mais lento e mais calmo, mas sempre desafiando o meu corpo, aos poucos. Eu já fazia algo, embora muito pouco, de ioga nas aulas de pilates, mas muito era feito de forma quase “inconsciente”, isto é, fazia posições de ioga nas aulas sem saber que aquilo era uma posição de ioga. De há uns tempos para cá, comecei a explorar mais esta vertente e a tentar aprender mais algumas poses. E tem sido óptimo. Começo a gostar mais deste tipo de treino do que o de pilates propriamente dito; sinto-me mesmo muito bem quando o faço e noto diferenças na minha flexibilidade. É algo que gostaria de manter, mesmo depois de retomar as aulas.
Comecei a gostar mais de mim própria
Mas este assunto ficará para mais tarde.